Grande Futebol
João Pedro Galvão: partir a Série A com colunas e imitações, já depois do doping
2018-09-18 20:00:00
O jogador foi informado da suspensão por doping… no dia de aniversário.

O nome, provavelmente, não lhe é estranho. João Pedro Galvão passou pelo Estoril e pelo Vitória de Guimarães, mas, aos 26 anos, é em Itália que dá nas vistas. Tem direito a Série A e tudo. Tem direito, até, a quase dar cabo do AC Milan, coisa que fez no último fim-de-semana. Não fosse Higuaín e Galvão teria mesmo sido herói por inteiro, pelo Cagliari.

O Bancada falou com João Coimbra (atualmente no Luxemburgo) e Bruno Miguel (da União de Leiria), ex-colegas de João Pedro Galvão, e sacou um par de boas historinhas e de coisas sobre o atacante brasileiro.

"Era jovem, mas já tinha jogado em quatro ou cinco países"

Atenção: chamamos-lhe “atacante” de propósito. É que, para sermos sinceros, temos dificuldade em dizer se ele é um médio ofensivo, um ala ou um avançado. Se calhar, é um pouco de todos. Mas já lá vamos. Antes, uma historinha para adoçar. Historinha que ilustra na perfeição o que tem sido a carreira do jogador.

“Nós brincávamos muito com o João sobre o ele ser jovem, quando chegou ao Estoril, mas mesmo assim já ter jogado em uns quatro ou cinco países”, conta João Coimbra, ao Bancada.

E este é um bom ponto de partida. De facto, quando chegou ao Estoril, João Pedro já tinha andado pelo Brasil, por Itália, pelo Uruguai e por Portugal. Tudo isto com apenas 22 anos.

Em 2009, ainda no Atlético Mineiro, João Pedro fez parte da frente de ataque da seleção brasileira no Mundial sub-17. Ele e… Coutinho e Neymar. Nessa equipa estavam ainda Allison e Casemiro, por exemplo. Galvão não chegou nem perto de onde já chegaram alguns destes seus colegas, mas foi caçado pelo Palermo, ainda muito novo. Andou emprestado ao Vitória de Guimarães, ao Peñarol e ao Santos, mas tudo sem grande sucesso. Até chegar ao Estoril, em 2013/14, tendo feito nove golos em 42 jogos.

"Não gosta de admitir que os outros saibam fazer isto ou aquilo melhor do que ele”

Mas vamos lá parar com o perfil cronológico, que há coisas mais giras. Por exemplo, sabermos quem é este rapaz. João Coimbra fala de uma pessoa “tranquila e que gostava de brincar com o pessoal”, tal como Bruno Miguel, que o define como “uma pessoa alegre e de fácil trato”.

Ainda assim, ambos destacam que João Pedro Galvão não tem um feitio fácil. “Não gosta de admitir que os outros saibam fazer isto ou aquilo melhor do que ele”, recorda Bruno Miguel, enquanto João Coimbra nos fala de “uma personalidade forte bem vincada”.

Será abusivo dizer que a carreira de João Pedro Galvão tem sido prejudicada pelo feitio “especial”, até porque, até aqui, o principal entrave foi mesmo o problema com doping.

Entre março e setembro, o brasileiro esteve suspenso por doping, depois de ter acusado hidroclorotiazida (medicação diurética) a 11 de fevereiro, depois de defrontar o Sassuolo, para a Liga Italiana. E já muita sorte teve o jogador em levar uma pena de seis meses, dado que a acusação pedia quatro anos. A título de curiosidade, o jogador foi informado da suspensão… no dia de aniversário.

Neste domingo, o jogador voltou a competir precisamente no dia em que terminou a suspensão (16 de setembro). Fê-lo com um golo que ia tramando o AC Milan, apenas salvo por Higuaín. Curiosidade: nas últimas três temporadas, na Liga Italiana, marcou um golo ao AC Milan em cada uma delas.

“Tem todas as qualidades de um 10 à moda antiga"

Quem se lembra de João Pedro, em Portugal, lembra-se de um jogador muito forte fisicamente, com muita potência e aceleração e, sobretudo, com várias posições.

João Coimbra considera que “é um craque” e vê qualidades em várias posições. “Tem todas as qualidades de um 10 à moda antiga, com uma qualidade técnica bem acima da média. Mas também gosto de o ver na esquerda, pois é muito forte no um contra um. Quando fazia movimentos interiores, era muito forte a finalizar”, destaca, acrescentando: “É um médio com capacidade goleadora. Tem o “feeling” pelo golo”.

Já Bruno Miguel, apesar de assumir que não tem acompanhado atentamente o percurso do ex-colega em Itália, recorda a polivalência do ex-estorilista: “No Estoril, era um jogador de posição variável. Gostava de o ver em quase todas as posições ofensivas, devido às características técnicas e físicas e à inteligência de jogo”.

"Ele olhava para as danças dos colegas e depois imitava na perfeição"

A terminar, a tal historinha das colunas. Bruno Miguel recorda que João Pedro Galvão era o homem da música e… das imitações.

“Ele era uma das pessoas que levava sempre a coluna de som para os treinos e jogos. Ele olhava para as danças dos colegas e depois imitava na perfeição, com algum exagero à mistura. Era engraçado”.