Grande Futebol
Inglaterra e o fracasso nos penáltis: uma sina sem fim à vista
2018-06-15 17:45:00
A relação da seleção inglesa com os penáltis nas grandes competições é de fracasso e Portugal contribuiu para isso.

Todas as pessoas têm um filme predileto, que vêem vezes sem conta ao longo da vida, mesmo sabendo o desfecho da história. A relação da seleção de Inglaterra com as grandes penalidades é assim mesmo: o resultado final é sempre o mesmo, não importa as vezes em que aconteça. No caso dos ingleses, as eliminatórias em Mundiais e Europeus nas quais vão ao desempate por grandes penalidades terminam, em quase todas as ocasiões, em fracasso. Aliás, Portugal é um dos principais contribuidores para essa relação fatal da seleção de Terras de Sua Majestade, pois a equipa das quinas já vergou a Inglaterra do Mundial 2006 e do Europeu 2004 (lembra-se de Ricardo a defender sem as luvas?) através dos penáltis.

Ao todo, foram já sete as vezes em que a seleção principal de Inglaterra teve que ir a grandes penalidades para decidir uma eliminatória em grandes competições. Dessas ocasiões, foram seis as vezes em que saiu derrotada e apenas uma em que triunfou. A começar pela nota positiva no meio de tanto desaire, foi no ano de 1996, em pleno Europeu precisamente disputado no próprio país, que a Inglaterra venceu o único desempate por penáltis. A vítima foi a Espanha, nos quartos de final da prova, com um 4-2 como desfecho. Terry Venables era o selecionador inglês, numa equipa que tinha nomes como Alan Shearer, Paul Gascoigne, Steve McManaman, Gary Neville, David Seaman, Tony Adams, entre outros.

Agora, venham de lá os fracassos. A sina começou no Mundial de 1990, quando Inglaterra e Alemanha decidiram as meias finais da competição no desempate por grandes penalidades. A vitória caiu para o lado germânico e aí começava uma série que ainda hoje parece não ter fim à vista. Em 1996 foi novamente a Alemanha a derrotar os ingleses nos penáltis, em 1998 a Argentina, em 2004 e 2006 Portugal e em 2012 a Itália. Porém, nem apenas nos seniores se manifesta esta alienação dos ingleses com a marca dos onze metros. A seleção de Sub-21 já foi eliminada dessa forma nos Europeus da categoria de 2017 e 2007, por Alemanha e Holanda, respetivamente. A seleção de futebol feminino de Inglaterra também já perdeu nos penáltis frente à Suécia, no Europeu de 1984, e contra a França, no Mundial de 2011.

A 24 de junho de 2004, o Estádio da Luz acolheu o duelo entre Portugal e Inglaterra para os quartos e final do Europeu disputado em solo luso. Depois de um empate a duas bolas no final do prolongamento, foi tempo dos penátis. Nervos à flor da pele, corações a palpitar e Portugal a festejar. A eliminatória ficou decidida no momento em que Ricardo tirou as luvas, defendeu uma grande penalidade e ainda foi à marca dos onze metros rematar para o fundo das redes (recorde o momento no vídeo abaixo). Passados dois anos, no Mundial 2006, não foi preciso tirar as luvas, mas ainda assim os ingleses voltaram a ser batidos pelos portugueses, precisamente novamente nos quartos de final da prova. Dessa feita a eficácia foi muito mais reduzida, mas o desfecho repetiu-se. Será que a Inglaterra vai voltar a encontrar os penáltis pela frente este ano?

PERCURSO RUMO AO RÚSSIA 2018

A Inglaterra teve um percurso sem sobressaltos rumo ao Mundial deste ano. Os ingleses alcançaram o primeiro posto do grupo F da zona europeia da fase de apuramento para a competição. Num agrupamento que continha também as seleções de Eslováquia, Escócia, Eslovénia, Lituânia e Malta, os ingleses não sofreram qualquer desaire, pois venceram oito partidas e empataram duas, ou seja, terminaram com 26 pontos, precisamente oito de avanço sobre o segundo classificado. Uma qualificação sem problemas.

JOGADOR A SEGUIR: Ruben Loftus-Cheek

Não é uma das principais estrelas da seleção de Inglaterra e também não é apontado a começar o Mundial como titular, mas Loftus-Cheek é um dos jogadores que chega em melhor forma ao Mundial e que poderá ser uma arma de sucesso para a estratégia de Gareth Southgate. O jovem médio de 22 anos vem da melhor temporada da carreira, ao serviço do Crystal Palace por empréstimo do Chelsea, e pode oferecer velocidade, atleticismo e qualidade técnica aos ingleses a todo-o-terreno.

CONVOCADOS

Guarda-redes: Jack Butland (Stoke City), Jordan Pickford (Everton) e Nick Pope (Burnley FC).

Defesas: Alexander-Arnold (Liverpool FC), Gary Cahill (Chelsea), Fabian Delph (Manchester City), Phil Jones (Manchester United), Harry Maguire (Leicester City), Danny Rose (Tottenham), John Stones (Manchester City), Kieran Trippier (Tottenham), Kyle Walker (Manchester City) e Ashley Young (Manchester United).

Médios: Dele Alli (Tottenham), Eric Dier (Tottenham), Jordan Henderson (Liverpool FC), Jesse Lingard (Manchester City) e Loftus-Cheek (Crystal Palace/Chelsea).

Avançados: Harry Kane (Tottenham), Marcus Rashford (Manchester United), Raheem Sterling (Manchester City), Jamie Vardy (Leicester City) e Danny Welbeck (Arsenal).

ONZE PROVÁVELTreinador: Gareth Southgate

GUIA BANCADA: O MUNDIAL EM HISTÓRIAS

Grupo A

Rússia: O dia em que Rússia boicotou e "roubou" a Ucrânia para jogar o Mundial
Arábia Saudita: A lenda do "Pelé do Deserto", o terror de Setúbal
Egito: O futebol nascido de uma tragédia
Uruguai: Uruguai quer fazer um Maracanazo. Ou um Maracanazov

Grupo B

Portugal: Portugal, toca a jogar pelo chão que, de “Saltillos”, já foi suficiente
Espanha: O dia em que o General Franco teve medo dos russos e tirou um título à Espanha
Marrocos: "África minha" de Hervé Renard tem novo capítulo em Marrocos
Irão: Carlos Queiroz e o Irão: uma relação de amor e ódio

Grupo C

França: Didier Deschamps, o capitão da saga de 1998 em busca da redenção como treinador
Austrália: Um continente pequeno demais para uma seleção
Perú: O amor que os brasileiros ganharam ao Peru e a Cubillas, com a Argentina no meio
Dinamarca: Elkjaer fumava e bebia, mas corria que se fartava

Grupo D

Argentina: O dia em que Deus deu a mão para Maradona ficar na história do futebol
Islândia: Islândia e a aritmética que permite escolher os 23 convocados
Croácia: Quando Boban e Suker viraram heróis de uma nação
Nigéria: Yekini, um lugar na história da Nigéria e no coração dos portugueses

Grupo E

Brasil: Marinho Peres: capitão, desertor e um sonho que virou pesadelo em Barcelona
Suíça: Uma reunião de lendas, duas batalhas épicas e um capitão a jogar com um tumor
Costa Rica: No país mais feliz do Mundo, há um Oásis onde só entram grandes guarda redes
Sérvia: Um goleador esquecido pelo tempo, ídolo de Puskas e um jogo que tudo mudou

Grupo F

Alemanha: O jogo mais tenso de sempre. O jogo de dois vencedores. O jogo do futebol
México: Negrete marcou o melhor golo do Mundo e veio para o Sporting, pena os relvados
Suécia: Brolin, o sueco da pirueta que fez birra na Premier League porque lhe mentiram
Coreia do Sul: O conto de fadas mais contestado da história dos Mundiais

Grupo G

Bélgica: A melhor Bélgica de sempre não chegou para um Deus
Panamá: O golo que não foi e que colocou Panamá no primeiro Mundial 
Inglaterra
Tunísia