Grande Futebol
Ibrahimovic, o lado mais fraco e sensível de uma lenda
2018-11-22 14:00:00
"Só queria ir para casa. Já não podia ver uma baliza à frente", conta o astro internacional sueco

Ibrahimovic tornou-se uma lenda do futebol mundial. Excêntrico, com uma personalidade vincada, forte, o internacional sueco nunca deixou de transmitir o que lhe ia na alma, passando sempre uma imagem de quem está imune a qualquer tipo de pressões. Todavia, em entrevista à BBC, o astro nórdico, eleito recentemente o "rookie do ano" nos Estados Unidos onde ao serviço dos Los Angeles Galaxy fez 22 golos e uma dezena de assistências, superando claramente Wayne Rooney em popularidade, mostrou um lado mais sensível e recordou o momento mais difícil de uma longa e triunfal carreira que, pese embora os 37 anos de idade, parece longe de terminar.

"Tudo mudou na minha vida quando fui para a Juventus", conta "Ibra", admitindo que chegou a uma fase em que já nem podia ver uma baliza à frente. "Era tudo novo para mim, estava num grande clube, com muita história, grandes jogadores e um grande treinador. No primeiro dia, ouvi Capello a gritar 'Ibra!': juntou-me a uns miúdos da academia e treinei com eles, que cruzavam para eu rematar. Todos os dias, durante 30 minutos. Às vezes só queria ir para casa porque estava cansado e não queria rematar mais. Nem podia ver a baliza e o guarda-redes. Ouvia gritar pelo meu nome e já sabia o que era. Rematava, rematava bem e rematava mal."

Apesar das dificuldades e do desgaste psicológico por que passou, a estrela sueca reconhece, no entanto, que a insistência de Capello acabou por dar frutos. "No final de tudo acabei por me transformar numa máquina em frente à baliza."

O astro sueco lembra que em Itália ser ponta de lança não é fácil, valorizando desta forma o modo como Cristiano Ronaldo se adaptou ao futebol transalpino e à Juventus. "Ser ponta de lança em Itália é jogar na posição mais difícil, porque são muito bons taticamente", frisou.

Neste contexto, a lenda nórdica recorda nomes Maldini, Nesta, Dida, Buffon, Thuram ou Cannavaro. "Lembro-me de um jogo contra o Milan, em que tinha o Paolo Maldini e o Alessandro Nesta pela frente. Só tínhamos meia oportunidade com eles e depois ainda havia o Dida, um guarda-redes de classe mundial. Mas eu tive a sorte de treinar com o Buffon na baliza e o Thuram e o Cannavaro como centrais. Se tentasse passar por eles sofria. Criou-se um bom cenário para que conseguisse marcar golos, e eles foram aparecendo."

Foram aparecendo e de que maneira. O carismático ponta de lança já superou a marca dos 500 golos, um feito só ao alcance dos predestinados, o mesmo é de dizer de Cristiano Ronaldo e de Messi. De todos os jogadores que se encontram em atividade, estes são os únicos três que já atingiram a mítica marca do meio milhar de remates certeiros.

De resto, Ibrahimovic  até é dado como potencial reforço do Milan. "É mais provável eu voltar ao Milan do que o Wenger ser apresentado como treinador. Acho que ele não quer ir para Itália com este desafio. Assumir uma equipa assim não é nada fácil. Ainda não sei o que vou fazer. Sei que há muitos clubes europeus que estão interessados, mas eu estou contente aqui. Adoro a minha vida em Los Angeles, e a minha família também."

O ex-internacional sueco sublinhou, de resto, que só abraçará um projeto que o motive. "Não quero ir para um clube só porque sou o Zlatan Ibrahimovic. Quero um desafio, algo que me motive continuar a jogar. Quero fazer a diferença, porque sempre foi isso que fiz durante toda a minha carreira."

Tags: