Grande Futebol
Henry: o 'professor' que não olha para o passado e quer provar-se como treinador
2018-07-16 20:00:00
Thierry Henry deixa o comentário desportivo de lado para se focar totalmente na carreira de treinador.

Em tempos encantou os relvados do futebol e agora dá cartas no banco de suplentes. Thierry Henry foi um dos principais estrategas na melhor classificação de sempre da Bélgica em Mundiais, no papel de adjunto de Roberto Martínez, e vai colocar de lado a faceta de comentador para se dedicar por inteiro à aprendizagem do trabalho de treinador. O anúncio foi feito pelo próprio antigo internacional francês, que deu conta das experiências recompensadoras que teve ao longo dos últimos quatro anos, que contribuíram para aumentar o seu desejo de se tornar num técnico principal. Por isso mesmo, Henry saiu da Sky Sports, onde comentava futebol.

"Nos últimos quatro anos tive algumas experiências extremamente recompensadoras ao nível do treino no futebol. Estas experiências ainda me tornaram mais determinado em atingir o meu sonho de me tornar treinador. É com tristeza, então, que decidi que tenho de deixar a Sky Sports para poder passar mais tempo no campo e concentrar-me no meu caminho para atingir esse objetivo. Queria agradecer a todos na Sky por me fazerem sentir tão bem-vindo e à vontade durante o meu tempo com eles e desejo-lhes o melhor para o futuro. Grandes memórias", escreveu Henry nas redes sociais, na hora de dizer adeus a uma carreira e abraçar totalmente a que mais deseja.

A verdade é que Henry já soma experiência como treinador há algum tempo e antes de integrar a equipa de Roberto Martínez na seleção belga, esteve nas camadas jovens do clube que mais vezes representou enquanto jogador: o Arsenal. Henry teve, inclusive, a oportunidade de treinar os sub-18 do emblema londrino, mas Arsène Wenger, então treinador da equipa principal rejeitou. Andries Jonker, chefe da academia do Arsenal, ofereceu o emprego a Henry em 2016, mas Wenger queria alguém no posto que tomasse a oferta como um trabalho em ‘full-time’ e que não combinasse o mesmo com outras funções… como a de comentador desportivo, algo que Henry não estava disposto a abdicar. Curioso que dois anos depois acabou mesmo por fazê-lo… por vontade própria.

O destino decidiu sorrir a Henry e ainda em 2016 o gaulês foi convidado a integrar a equipa técnica de Roberto Martínez na seleção da Bélgica, poucas semanas depois de o espanhol ter sido apresentado. O ‘buzz’ à volta da ida de Henry foi rápido, mas o próprio fez questão de explicar bem qual seria o seu papel. “Não sou o selecionador nacional, nem o adjunto. Sou o T3, o terceiro treinador. Desde o início disse que tinham que ter calma. Isto não é o ‘show’ do Thierry Henry. Estou aqui para ajudar o selecionador e a equipa. O selecionador é quem irá falar, eu vou tentar fazer a equipa melhor. Enquanto treinador, não tens que mencionar o que fizeste como jogador no passado. E como treinador eu ainda não provei nada”, referiu Henry à comunicação social belga. Dois anos depois de chegar à seleção da Bélgica, o francês teve papel fulcral na obtenção do terceiro lugar no Mundial de 2018.

Quando chegou à seleção da Bélgica, foi permitido a Henry manter o cargo como comentador desportivo e os 2,500 euros semanais que aufere são doados pelo próprio para a caridade. O papel de professor que desempenha durante os treinos já foi muitas vezes elogiado pelos jogadores, principalmente os atacantes, que são várias vezes levados para uma conversa mais informal. Até porque muitos deles vêem Henry como um ídolo, casos de Benteke e Batshuayi, que já confessaram que tinham pósteres do francês enquanto jovens. Até Lukaku se rendeu ao gaulês. “Já disse ao Henry que descobri a técnica dele de marcar golos. Ainda não estou lá, mas estou a chegar lá devagar”, disse o jogador do Manchester United em tempos. Ainda não se sabe ao certo por onde irá passar o futuro de Henry, que aos 40 anos se prepara para uma dedicação e foco total à carreira de treinador. É de conhecimento geral que a Bélgica pretende que continue como adjunto de Roberto Martínez, mas caso surja uma possibilidade de vir a ser treinador principal, a oferta poderá ser irrecusável para Henry.

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