Grande Futebol
Guerra aberta: Mourinho e Wenger de um lado, Guardiola e Klopp do outro
2017-12-13 15:30:00
Incidentes do final do triunfo do Manchester City sobre o United em Old Trafford dominam atenções em Inglaterra

Até onde pode e deve ir o respeito (ou a falta dele) pelo adversário? Até onde podem ir os limites dos festejos? A guerra está aberta em Inglaterra depois dos incidentes verificados após o final da vitória do Manchester City diante do grande rival United, em pleno Old Trafford. A divergência de opiniões entre os treinadores é evidente. Arsène Wenger, pela primeira vez desde que há memória, colocou-se ao lado de.. Mourinho, enquanto Jurgen Klopp reagiu, mostrando-se compreensivo relativamente a Pep Guardiola.

Segundo relata a imprensa britânica, o caso ganhou maiores contornos quando Mourinho passou pelo balneário do City e pediu respeito, reclamando dos festejos dos "citizens". Ederson, por perceber português, não gostou do que ouviu e trocou acusações com o Special One tendo mesmo agarrado-lhe o braço. A partir daí, iniciou-se a confusão.

"Não vou dar detalhes. A única coisa que posso dizer é que o jogo correu como devia ter corrido, foi muito bom e todos lutaram para o vencer. Podíamos mesmo ter empatado o jogo se não fosse aquela defesa do Ederson. No final, todos se cumprimentaram. As imagens falam por si mesmas. Uns jogadores foram festejar com os adeptos, como é normal, e depois seguimos para o balneário", explicou Guardiola, sublinhando: "Peço sempre aos meus jogadores que festejem as vitórias, exijo que estejam felizes. Quando perdemos, temos de o aceitar. Quando ganhamos, há que festejar."

O treinador catalão escudou-se, aliás, no que diz ter feito em Nápoles para a Liga dos Campeões e perante o Southampton, na Premier League."Contra o Nápoles também festejamos o facto de termos terminado o grupo em primeiro lugar e fizemos o mesmo contra o Southampton quando ganha´maos aos 90+6'", recorda, enfatizando o sentimento de domingo. "Estávamos felizes, tínhamos acabado de ganhar o dérbi contra o nosso maior rival. É claro que festejámos! Toda a gente que vence um dérbi fica feliz, mas respeitamos sempre o nosso rival. Claro que em Old Trafford quando se vai para o balneário da casa tem de se passar pelos dos visitantes, mas estávamos no interior. Não fizemos nada de diferente em relação ao que já fizemos esta época. O que veio depois é que espero que não volte a acontecer. Emitiremos um comunicado e a Federação Inglesa ficará a conhecer a nossa versão."

José Mourinho não perdeu tempo a responder. Mostrando algum comedimento, não deixou, no entanto, de falar em diversidade de... educação. "Ele diz, está dito. Não estou aqui para comentar as palavras dele. A única coisa que posso dizer é que para mim tratou-se apenas de uma questão de diversidade. Diversidade de comportamentos, diversidade de educação... Só isso e nada mais. O que é que fizemos no estádio do Arsenal, sabem? Foi totalmente diferente. Comportámo-no como vencedores."

De forma surpreendente tendo em conta o passado recente, o treinador do Arsenal, Arsène Wenger saiu em defesa de treinador português, afirmando compreender o motivo pelo qual José Mourinho interviu.“No final de um encontro importante as coisas podem ficar descontroladas. Já me aconteceu a mim também. Não sei  bem o que se passou em Manchester, mas sei que é difícil ver os festejos do outro lado. É uma experiência que é ofensiva para quem sai derrotado”.

Se Wenger defendeu Mourinho, Jurgen Klopp colocou-se ao lado de Guardiola. O responsável técnico do Liverpool lembrou episódios recentes de equipas que pontuaram em Anfield Road e festejaram, pondo inclusive, a música bem alta no balneário. "É algo que não me incomoda nem um pouco. Tudo é permitido desde que se tenha uma dose ajustada de respeito." De resto, o próprio treinador alemão é conhecido pela efusividade que costuma colocar nos festejos. 

Esta já não é a primeira vez que José Mourinho se insurge contra o modo de festejar dos adversários. Após uma tarde horrível em Stamford Bridge (perdeu por 4-0 diante do Chelsea), o treinador português acabou o jogo indignado com Antonio Conte. Mal o árbitro apitou para o final, Mourinho foi ter com o italiano e disse-lhe qualquer coisa ao ouvido. As câmaras de televisão apanharam o desabafo: "Isso faz-se com 1-0, com 4-0 não. Com 4-0 é humilhação".

Em causa, estavam os gestos de Conte no banco, já perto do minuto 90. O italiano virou-se para os adeptos do Chelsea e pediu mais apoio, mais efusividade. Stamford Bridge respondeu com "olés", o que deixou José Mourinho enfurecido (ver tweet em baixo).

AS POSIÇÕES DE CADA TREINADOR

Pep Guardiola

"Não vou dar detalhes. A única coisa que posso dizer é que o jogo correu como devia ter corrido, foi muito bom e todos lutaram para o vencer. Podíamos mesmo ter empatado o jogo se não fosse aquela defesa do Ederson. No final, todos se cumprimentaram. As imagens falam por si mesmas. Uns jogadores foram festejar com os adeptos, como é normal, e depois seguimos para o balneário. Peço sempre aos meus jogadores que festejem as vitórias, exijo que estejam felizes. Quando perdemos, temos de o aceitar. Quando ganhamos, há que festejar. Contra o Nápoles também festejamos o facto de termos terminado o grupo em primeiro lugar. Estávamos felizes, tínhamos acabado de ganhar o dérbi contra o nosso maior rival. É claro que festejamos! Toda a gente que vence um dérbi fica feliz, mas respeitamos sempre o nosso rival. O que veio depois é que espero que não se repita. Emitiremos um comunicado e a Federação Inglesa ficará a conhecer a nossa versão."

José Mourinho

"Ele diz, está dito. Não estou aqui para comentar as palavras dele. A única coisa que posso dizer é que para mim tratou-se apenas de uma questão de diversidade. Diversidade de comportamentos, diversidade de educação.... Só isso e nada mais. O que é que fizemos no estádio do Arsenal, sabem? Foi totalmente diferente. Comportámo-no como vencedores."

Arsène Wenger

"É difícil ver uma celebração a 100 por cento por parte do adversário. É uma experiência algo ofensiva. Por isso, aprecio a tradição do sumo, no Japão: quem ganha não mostra felicidade, por respeito pelo adversário. Já me aconteceu a mim também. Não sei bem o que se passou em Manchester, mas sei que é difícil ver os festejos do outro lado. É uma experiência que é ofensiva para quem sai derrotado”.

Jurgen Klopp

"É algo que não me incomoda nem um pouco. Tudo é permitido desde que se tenha uma dose ajustada de respeito."