Pep Guardiola tinha uma equipa na cabeça para o novo Manchester City e nela entrava o brasileiro Douglas Luiz e até pediu a Tite para o ajudar a convencer a FA (a federação lá do sítio) a deixar que o jovem de 20 anos fosse inscrito. Mas como as regras são para cumprir, e com isso os ingleses não brincam, o pedido foi rejeitado. Douglas vai ter de ser emprestado e Pep vai ter de arranjar outras soluções numa altura em que os clubes ingleses já não podem contratar. “Não deve ser alto o suficiente”, resmungou Guardiola.

O que acontece é o seguinte: qualquer jogador que seja extra-comunitário, ou seja, que não faça parte da União Europeia, necessita de um visto de trabalho - work permit, em inglês - para jogar na Premier League. E, para que FA conceda o tal visto, o jogador requerente necessita de preencher certos requisitos, um deles é o número de internacionalizações - o que varia consoante o ranking do país em questão. É aqui que Douglas Luiz falha.

Ora, o médio que o Manchester City foi contratar ao Vasco da Gama em 2017, a troco de 12 milhões de euros - e que foi de imediato emprestado ao Girona FC -, ainda não chegou à equipa principal do Brasil, o que o afasta, à partida, de qualquer chance em obter o tal visto - quem joga Football Manager está familiarizado com esta dor -, e foi aqui que Tite entrou. Guardiola pensou que poderia sensibilizar os ingleses com o tom cantante do selecionador brasileiro e pediu-lhe ajuda.

Num vídeo, onde também participou Edu, o agora diretor desportivo da seleção canarinha e que um dia foi médio do Arsenal, Tite tentou explicar que, caso a FA aceitasse inscrever Douglas Luiz na Premier League, com o médio a evoluir às ordens de Guardiola, que o chamaria à seleção. A verdade é que os responsáveis ingleses foram irredutíveis e devolveram um redondo NO às pretensões de Guardiola em poder contar com o moleque para a campanha que começa esta fim-de-semana.

"Não foi autorizado. Estou triste e desapontado com o que se passou. Vamos agora tentar que seja emprestado outra vez para que consiga o visto de trabalho no futuro", disse Guardiola à imprensa inglesa. "É difícil de entender. Eles têm de julgar de acordo com as qualidades do jogador. Eu e o Tite sabemos mais sobre as capacidades dele [Douglas Luiz]. Ele poderia jogar na equipa, mostrou tantas coisas boas", desabafou o treinador espanhol.

"Eu aceito as regras, mas não as entendo. Qualquer pessoa, no Mundo, deveria poder trabalhar onde quisesse", lamentou Pep Guardiola, que lembrou o preço gasto pelo Manchester City para poder contar com o jogador: "Gastámos 12 milhões de euros porque ele é um jogador com uma grande capacidade para jogar na nossa equipa. Nós acreditamos que ele iria jogar, por isso pedimos o visto de trabalho", sublinhou o treinador que guiou os Citizens a um título histórico na temporada passada.

"Eles [FA] não o conhecem, não o viram jogar, não assistiram a um jogo dele, nem sequer a uma sessão de treino. Não entendo, mas estamos em Inglaterra e tenho de aceitar", disse Guardiola que lamentou o timing da decisão: "Eu tinha preferido que a decisão [de rejeitar o pedido de visto de trabalho] tivesse sido comunicada há dez ou 15 dias, pois poderíamos ter tomado outras decisões. Mas foi um dia antes do fecho do mercado. É porque ele não alto o suficiente, ou tem a ver com o preço?", questionou.

Depois de ter perdido Jorginho para o Chelsea, Pep Guardiola vê-se privado de um médio centro que numa altura em que não pode ir "à pesca", uma vez que o mercado de transferências fechou para as equipas inglesas.