O ambiente está de cortar à faca entre os argentinos e não estamos a falar dos adeptos. Na Argentina diz-se que os jogadores se reuniram para tirar o poder a Jorge Sampaoli. Isto é, Messi e companheiros decidiram que seriam eles a escolher a equipa que vai defrontar a Nigéria, para muitos, a última oportunidade de se mostram em Mundiais. É que os resultados na duas jornadas anteriores - empate (1-1) com a Islândia e derrota (3-0) ante a Croácia - deixam a seleção das pampas numa situação complicadíssima e os jogadores não querem o futuro da equipa, na Rússia, nas mãos do atual selecionador.

O diário argentino "Clarín" diz que o "desgaste" na relação entre os jogadores e Jorge Sampaoli poderá ter extremado as duas partes e fala mesmo numa reunião entre os jogadores que demonstraram interesse em deixar o atual selecionador de fora da sala de operações, o mesmo é dizer, serem os próprios futebolistas a montar o onze para o decisivo encontro diante da seleção nigeriana. A imprensa argentina avança mesmo que os jogadores terão já comunicado essa intenção a 'El Chiquit' Tapia, presidente da Federação Argentina de Futebol (AFA).

Ora bem. Javier Mascherano, um dos mais experientes da seleção e um dos capitães, esteve na sala de imprensa este domingo e confirmou a reunião, mas garantiu que na base da mesma esteve a "ansiedade que os jogadores sentem em perceber como cada um pode contribuir para que a equipa possa melhor e conseguir a qualificação" para os oitavos de final do Campeonato do Mundo da Rússia. Muitos destes jogadores, incluindo Messi que festeja o 31.º aniversário este domingo, tem a noção que o palco mundial começa a ficar curto e que é "agora ou nunca".

Questionado sobre se realmente os jogadores estavam a pensar afastar Jorge Sampaoli do comando da equipa, Javier Mascherano explicou que talvez não tenha sido bem assim, mas reconheceu que alguns jogadores terão aconselhado o selecionador relativamente à construção da equipa, alegando que até "os melhores treinadores do Mundo pedem conselhos aos jogadores", lembrando que "foram feitas muitas coisa mal" na partida frente à Croácia que terminou com uma derrota por 3-0.

"Numa reunião fala-se de tudo, principalmente de futebol. Tentamos solucionar os problemas. Falamos com o fim de ajudar e seguir em frente. Sabemos que se as coisas correrem bem, todos saímos beneficiados, e o contrário também é verdade.

"Os melhores treinadores do Mundo também pedem opinião aos jogadores, porque são os jogadores que acabam por tomar as decisões dentro do campo. Isto passa-se em todas as equipas do Mundo. O treinador quer simplesmente saber como te sentes dentro do campo. Não se trata de impor, é simplesmente chegar a um acordo coletivo onde o grupo se sente melhor. Há um monte de mitos que se constroem ao redor não podemos estar a desmontar um a um", revelou Mascherano.

De recordar que no final da partida que terminou com a pesada derrota da Argentina perante a Croácia (3-0), quando questionado sobre o que terá corrido mal à seleção, Sergio Aguero rematou com um "perguntem  ao treinador". O avançado do Manchester City foi substituído numa altura em que a seleção argentina perdia por 1-0. Sem estar a fazer um jogo brilhante, ainda assim, Aguero era um dos poucos jogadores com a preocupação de chegar à baliza adversária.

Aliás, grande parte das críticas que têm caído sobre Jorge Sampaoli prendem-se com as escolhas do técnico para o onze inicial. Ainda antes do Campeonato do Mundo, já Sampaoli punha em causa a convocatória de Paulo Dybala alegando que o craque da Juventus não encaixa com Lionel Messi. De fora acabaria por ficar Mauro Icardi, um goleador nato que teria dado um jeitão a Sampaoli quando decidiu, frente à Croácia, apostar nos cruzamentos para o coração da área, habitat natural do ponta-de-lança do Inter Milão.

Resta agora perceber qual será a reação da equipa na partida frente à Nigéria. Apenas a vitória permitirá à seleção de Messi e companhia sonhar com a qualificação para os oitavos de final.