O Sporting defronta terça-feira o Steaua Bucareste para a primeira mão do playoff de acesso à fase de grupos da Liga dos Campeões e Jorge Jesus terá estudado, certamente, a equipa vice-campeã da Roménia. Mas uma das principais figuras do clube não entra nas quatro linhas. Chama-se George Becali, mais conhecido como Gigi, e é... o dono do Steaua Bucareste.
Seja pela habitual controvérsia gerada pelas suas declarações públicas, pelas suas decisões incompreensíveis ou pelos escândalos criados enquanto empresário ou político - as duas outras atividades do proprietário do Steaua -, Gigi Becali não passa despercebido a ninguém.
A ligação ao Steaua teve início na década de 90, quando Becali se juntou ao Conselho Geral de Acionistas do clube. Em 2003 ficou com a posse de 51% das ações, passando a ser o principal dono do clube.
Desde que Becali é o acionista maioritário do clube, o Steaua já conquistou vários troféus: cinco Ligas (2004/05, 2005/06, 2012/13, 2013/14 e 2014/15), duas Taças (2010/11 e 2014/15), duas Taças da Liga (2014/15 e 2015/16) e duas Supertaças (2006 e 2013). No atual plantel do Steaua Bucareste, orientado por Nicolae Dica, há um português. Filipe Teixeira, de 36 anos, reforçou este ano os vermelhos e azuis e já apontou dois golos em 2017/18.
Adepto do Dinamo Bucareste (maior rival do Steaua) enquanto criança, Becali tem dois primos que são agentes de futebol com bastante influência no futebol romeno. Victor e Ioan Becali. Hagi, Niculae ou Sapunuaru são alguns dos jogadores que tiveram ou têm ligações profissionais à família Becali, uma das mais poderosas no futebol da Roménia.
Uma das muitas histórias polémicas de Becali envolve um português. Em 2006, o guarda-redes Carlos Fernandes foi o titular na derrota dos romenos com o Real Madrid por 4-1. Becali, que não terá gostado da exibição de Carlos Fernandes, disse no final do encontro que pagava uma grande quantia de dinheiro para ver o guardião fora do clube. "Se algum clube quiser pegar no Carlos, ofereço-lhe 100 mil dólares para que o faça", prometeu.
Aos 59 anos, Becali já foi membro do Parlamento Europeu, assim como do Parlamento Romeno, tendo-se candidatado às eleições presidenciais da Roménia em 2004 com o apoio do Partido Nova Geração/Democrata Cristão. Acabou por ser o sexto candidato mais votado, apesar de não ter chegado aos 2% de votos.
A fortuna de Gigi Becali começou a ser criada quando trocou terrenos com o exército romeno. Já nessa altura, durante os anos 90, começaram as suspeições, dado que o terreno que trocou com o exército valia muito menos que aquele que recebeu. As suas novas terras, nos arredores de Bucareste, aumentaram drasticamente de preço com o crescimento do mercado imobiliário na capital romena, o que permitiu a Becali rentabilizar os seus ativos.
Mais tarde, descobriu-se que Becali não era dono dos terrenos que cedeu ao exército na altura em que o acordo foi feito, comprando-os apenas quando tinha tudo alinhavado para a troca. Em 2013, o empresário foi condenado a três anos de prisão, tendo sido provada corrupção no caso da troca de terrenos com o exército romeno.
Nacionalista, Becali já mostrou ser contra a comunidade LGBT. Em 2006, foi até galardoado com o prémio para a personalidade mais homofóbica da Roménia na Gala dos Prémios Gay do país. Em 2010, o dono do Steaua garantiu que o seu clube nunca iria contratar um jogador gay. Gigi Becali foi também acusado, em várias ocasiões, de racismo, xenofobia e atos de violência. Em 2012, po exemplo, recusou contratar Sinama-Pongolle, antigo jogador do Sporting, devido à cor da pele do francês.
