Grande Futebol
Gabriel: box-to-box com raízes portuguesas, liderança e tiro de meia-distância
2018-07-19 14:40:00
O Bancada foi tentar conhecer um pouco mais sobre o médio do CD Leganés que chamou o interesse do Benfica.

Confirmado o interesse do Benfica em Gabriel, poderá estar a chegar à Luz um médio brasileiro ‘box-to-box’ que tem raízes portuguesas, assim como dupla nacionalidade, e características de liderança reconhecidas pelos mais atentos aos compromissos do CD Leganés. O jogador de 24 anos, que chegou ao futebol europeu apenas com 17, pelas portas da Juventus, tem estado em crescendo desde que rumou a Espanha e a última época foi de afirmação no principal escalão do país vizinho.

“O Gabriel é uma das estrelas do Leganés.” Foi assim que o médio foi descrito ao Bancada por Jesus Troyano, jornalista desportivo do Leganews Comunicación, publicação regional da cidade que é uma província de Madrid. Formado no Vasco da Gama, do Brasil, Gabriel chegou à Juventus ainda em idade de júnior, proveniente do Resende FC, mas nunca chegou a jogar pela equipa principal da Vecchia Signora. Após sucessivos empréstimos a Pro Vercelli, Spezia, Pescara e Livorno, o centrocampista chegou ao Leganés em 2015/16, primeiramente cedido e depois a título definitivo. Na primeira temporada no emblema espanhol, foi uma das peças-chaves na subida ao principal escalão.

No entanto, foi na época passada que Gabriel mais se destacou e tudo por causa de uma mudança na posição que ocupava dentro das quatro linhas. A capacidade de construção de jogo do brasileiro exigia que tivesse mais bola e foi precisamente isso que o treinador Asier Garitano lhe ofereceu. “Na primeira época do Leganés na primeira divisão, [Gabriel] foi um dos jogadores mais utilizados. No entanto, foi na temporada passada que ele mais se destacou, porque deixou de jogar na ala para o fazer no meio-campo, um pouco mais recuado, de forma a pegar no jogo”, revelou Jesus Troyano ao Bancada.

Quem melhor que Gabriel para se descrever a ele próprio? “Sou médio ‘box-to-box’, como se costuma dizer. Tenho uma boa meia-distância, é um ponto forte e trabalho isso. Na Juventus não cheguei a jogar na equipa principal. Joguei na segunda liga italiana e foi nos últimos dois ou três anos que fiz coisas importantes no Leganés. Isso aumentou a minha visibilidade no plano internacional”, referiu o jogador do Leganés em declarações ao Record. Quem está familiarizado com aquilo que Gabriel faz dentro das quatro linhas, salienta a visão de jogo do médio de 24 anos. “É um jogador que maneja muito bem o esférico e tem uma grande visão de jogo. Fisicamente, aguenta muito e pressiona forte durante as partidas. Defensivamente, melhorou durante os últimos anos”, apontou Jesus Troyano.

A influência de Gabriel no Leganés fez com que se tornasse num dos capitães de equipa. Aliás, o brasileiro é tido igualmente como uma referência, dentro e fora de campo. “Sem dúvida que se converteu num capitão e numa referência para os seus companheiros de equipa e os adeptos. Durante os anos do Gabriel aqui, ele cresceu como jogador dentro e fora das quatro linhas”, considerou Jesus Troyano. Em três temporadas no Leganés, o médio soma um total de 111 partidas oficiais realizadas, com 35 jogos disputados na época passada, 36 em 2016/17 e 40 compromissos no primeiro ano que esteve no clube.

A dupla nacionalidade, luso-brasileira, de Gabriel explica-se pelo facto de ter tido uma avó portuguesa, que vivia no Porto, cidade que o jogador conhece relativamente bem. “Tinha uma avó, que faleceu há cerca de dois anos, que era do Porto. Daí ter nacionalidade portuguesa. E eu até fui várias vezes à cidade. Conheço razoavelmente bem, porque quando visitava essa avó sempre ia ficando com uma boa ideia”, confidenciou em declarações ao Record. Será que também irá ficar a conhecer bem Lisboa?

A grande ligação de Gabriel à família não se fica apenas pela avó. “Saí do Brasil muito jovem, com 17 anos. Cheguei a Itália com a minha família, por sorte tive-os sempre a meu lado, porque sem eles teria sido muito mais difícil do que foi”, disse o jogador no início do ano em entrevista ao Leganews Comunicación. Uma carreira no desporto rei esteve sempre na mente de Gabriel, embora tivesse levado a alguns ‘problemas’ menores com a mãe. “Sempre tive bem claro aquilo que queria ser. Tinha um pouco de conflito com a minha mãe, que me dizia para estudar e eu segui estudando, mas sempre com o futebol. Quando acabei a escolaridade normal, sem universidade, deixei a minha mãe tranquila. O meu pai foi também muito importante nesse período, porque era ele que acabava por levar as broncas porque eu estava a tentar seguir o meu sonho”, referiu ainda na mesma entrevista.

O valor de que se fala na generalidade da imprensa desportiva portuguesa, esta quinta-feira, é de que a proposta do Benfica por Gabriel rondará os dez milhões de euros, sendo que as exigências financeiras superiores do Leganés poderão fazer os encarnados incluir jogadores na transação. O interesse das águias no médio brasileiro, esse sim, é um dado certo, de acordo com o clube espanhol. “Estamos a par do interesse do Benfica, que está a tratar do assunto através de um representante. Não queremos vender o Gabriel, mas se chegar uma oferta que cubra a cláusula ou que se aproxime dela então tudo será possível”, referiu Victoria Pavón Palomo, a presidente do Leganés, em declarações ao jornal A Bola. Gabriel tem contrato com o Leganés até 2021 e a cláusula de rescisão está cifrada nos 20 milhões de euros.