Grande Futebol
Foi preciso chamar Ronaldo para se poder pensar na Suíça
2017-10-07 22:20:00
Portugal venceu Andorra por 2-0, numa partida em que Ronaldo só entrou ao intervalo, mas a tempo de ser decisivo.

Fernando Santos escolheu o onze contra Andorra a pensar no jogo da Suíça, ao contrário do que pregou durante toda a semana, mas precisou mesmo de recorrer a Ronaldo para resolver uma partida em que Portugal sentiu muitas dificuldades em desequilibrar o coeso bloco andorrenho. Ronaldo é que nunca facilita e só precisou de 45 minutos para ser o melhor em campo, abrir portas à vitória e levar a decisão para o jogo de terça-feira, na Luz. Agora sim, é tempo de pensar na Suíça.

Como esperado, Andorra apresentou-se com um bloco muito baixo, concentrando todos os seus jogadores à frente da área. Portugal tinha muita posse de bola, mas muitas dificuldades em entrar no bloco adversário. Sem conseguir atacar pelo meio, atacava quase exclusivamente pelas alas, mas nem sempre da melhor forma. Os laterais não iam até à linha de fundo, por falta de espaço, que já havia homens suficientes a congestionar o último terço do campo, e Gelson e Quaresma tinham sempre dois ou três adversários pela frente e pouco espaço para conseguir desequilíbrios individuais. A solução passava por fazer (muitos) cruzamentos, alguns ainda antes de chegar à zona lateral da área, e que, na maior parte dos casos, não criavam perigo. Ora saíam tortos, ora eram cortados por Ildefons Lima, que seria um craque de nível mundial caso o futebol consistisse apenas em ficar na área a cortar bolas de cabeça.

As exceções foram um cruzamento de Nélson Semedo que sobrou para Quaresma, ao segundo poste, cabecear ao lado (aos 25’), e um cruzamento de João Mário que o corte de um defesa colocou nos pés de André Silva, que rematou por cima, aos 34’. Outra solução eram os remates de fora da área. Pepe foi quem criou maior perigo dessa forma, aos 40’, depois de Quaresma também já ter tentado (aos 30’). A primeira parte foi jogada apenas no meio campo andorrenho, mas Portugal criou poucas ocasiões de perigo.

Perante este cenário, Fernando Santos não esperou mais e lançou Ronaldo ao intervalo, com a intenção de colocar “um homem mais perto do André Silva”, segundo explicou após o jogo. No entanto, apesar de a entrada de Ronaldo ter trazido mais um homem com capacidade de aparecer na área e mais entusiasmo ao público, o futebol português continuou com os mesmos problemas, só com uma importante diferença. É que, ao contrário das bolas que sobraram para Quaresma e André Silva na primeira parte, bola que sobra para Ronaldo é bola que acaba dentro da baliza. Foi assim aos 63 minutos. Ildefons cortou de forma deficiente o cruzamento de João Mário, Ronaldo dominou na coxa e atirou para o seu 15.º golo nesta fase de qualificação.

Feito o mais difícil, Portugal melhorou muito no jogo, também porque Andorra passou a dar mais espaço. Tendo a partida sempre controlada e ainda mais com a entrada de William para o lugar de Quaresma, aos 79’, a Seleção Nacional esteve perto do golo por várias vezes, até que André Silva matou o jogo aos 86’. Ronaldo colocou em Danilo que, de cabeça, assistiu o avançado do Milan.

Fernando Santos arriscou ao pensar na Suíça, mas teve mesmo de recorrer a Ronaldo para ficar um passo mais próximo do Mundial da Rússia. A Seleção viajará agora no C295 para Lisboa, mas a viagem para a Rússia, a uma vitória de distância, vai sendo feita às costas de Ronaldo.