Grande Futebol
Flamengo conquistou a única Taça Libertadores há 38 anos, liderado por Zico
2019-11-21 13:20:00
Então com 28 anos, Zico foi o grande artífice do triunfo histórico do clube do Rio

O Flamengo é um dos grandes do futebol do Brasil e da América do Sul, um clube com milhões de adeptos espalhados pelo mundo, mas, feitas as contas, ganhou apenas uma Taça Libertadores, e há quase quatro décadas.

Na principal prova de clubes da CONMEBOL, o conjunto do Rio de Janeiro só triunfou há 38 anos, na edição de 1981, ano em que pontificava no ‘mengão’ o médio internacional canarinho, o ‘10’, Arthur Antunes Coimbra, vulgo Zico.

Considerado o melhor jogador da sua geração e um dos melhores da história do país pentacampeão mundial, Zico, então com 28 anos, foi o grande artífice do triunfo do ‘Fla’, com um total de 11 golos na prova, incluindo quatro nos três jogos da final.

Em 13 de novembro, na primeira mão, ‘bisou’ na receção ao Cobreloa (2-1), com tentos aos 12 e 30 minutos, o segundo de penálti. Os chilenos, comandados por Vicente Cantatore, que viria a treinar o Sporting, reduziram, aos 65, por Merello, que, na segunda mão, uma semana depois, apontou o 1-0, aos 84.

Como não se aplicava a regra dos golos fora, a final resolveu-se num jogo de desempate, em 23 de novembro, em Montevideu, no Uruguai, onde Zico se consagrou como ‘herói’ do ‘Fla’, ao selar o 2-0, com tentos aos 18 e 84 minutos, o segundo de livre direto.

O encontro foi muito conflituoso, com cinco expulsões, e, na parte final, Carpegiani mandou entrar o avançado Anselmo apenas para dar um soco a Mario Soto, que, segundo o técnico, agredira um jogador do ‘Fla’ sem que o árbitro ver. Os dois acabaram expulsos e o treinador brasileiro foi castigado.

Antes, o árbitro uruguaio Roque Cerullo já tinha expulsado o chileno Alarcón, aos 23 minutos, e aos 35, mais um jogador de cada equipa, o brasileiro Andrade e o chileno Jiménez.

Para chegar à final, o conjunto brasileiro começou por vencer o Grupo 3 da primeira fase, iniciada com um empate 2-2 no reduto dos compatriotas do Atlético Mineiro e um 5-2 caseiro aos paraguaios do Cerro Porteño.

Depois destes dois jogos, o treinador Dino Sani, que havia sucedido a Claudio Coutinho - vencedor pelo ‘Fla’ do primeiro ‘Brasileirão’, em 1980 -, foi despedido e substituído por Paulo César Carpegiani.

Com o novo técnico, o conjunto carioca somou mais um triunfo (4-2 no reduto do Cerro Porteño), e três empates, um na receção ao Atlético Mineiro (0-0) e dois com os também paraguaios do Olímpia (1-1 em casa e 0-0 fora).

O Flamengo acabou com os mesmos oito pontos do Atlético Mineiro e tudo se decidiu em campo neutro, num jogo que acabou aos 37 minutos, depois de o árbitro José Roberto Wright expulsar cinco jogadores do clube de Belo Horizonte, deixando-o com seis.

Na fase seguinte, designada como meias-finais, o Flamengo ganhou o Grupo A, com o pleno de quatro triunfos, perante os colombianos do Desportivo de Cali (3-0 em casa e 1-0 fora) e os bolivianos do Jorge Wilstermann (4-1 e 2-1).

A primeira derrota só surgiu na final, mas não impediu o título do conjunto do Rio de Janeiro, no qual também eram figuras o lateral esquerdo Júnior e o central Mozer, que foi referência do Benfica em duas passagens (1987/89 e 1992/95).

Por seu lado, o avançado Chiquinho Carioca, que jogou no Boavista, União de Leiria, Desportivo das Aves, Feirense e Vila Real, para depois treinar outras equipas lusas, também deu a sua contribuição, nomeadamente com dois golos.

No jogo decisivo, que deu a Libertadores ao Flamengo, os brasileiros entraram como Nei Dias, Marinho, Mozer e Júnior, à frente do guarda-redes Raul, um meio-campo com Andrade, Leandro e o ‘MVP’ Zico e um ataque com Tita, Nunes e Adílio.

Zico e Júnior brilhariam um ano depois no Mundial de 1982, em Espanha, numa das mais excitantes seleções brasileiras de sempre, também composta por jogadores como Sócrates, Éder ou Falcão. O italiano Paolo Rossi ‘roubou-lhes’ o título.

Ainda antes, no final de 1981, e já depois da vitória no Campeonato Carioca, o ‘Fla’ colocou a ‘cereja’ num ano inesquecível, ao vencer a Taça Intercontinental, com um triunfo categórica por 3-0 diante dos ingleses do Liverpool.

Em 13 de dezembro de 1981, em Tóquio, os brasileiros venceram com dois tentos de Nunes (12 e 42 minutos) e um de Adílio (34), escrevendo, em jogo único, a mais expressiva vitória de sempre de um conjunto sul-americano. Quem já não viu a conquista foi Cláudio Coutinho, entretanto tragicamente falecido.

Caso derrote no sábado o River Plate e conquiste a segunda Libertadores da sua história, o ‘Fla’ pode reeditar com o Liverpool, vencedor da ‘Champions’ 2018/19, a final, agora no Mundial de clubes. Será em 21 de dezembro, em Doha, no Qatar.