Grande Futebol
Entre a muralha defensiva e os erros do costume, ganhou-se uma solução imediata
2018-11-08 22:40:00
O Sporting ganhou um ponto em Londres com base na organização defensiva, embora o ataque tenha sido um deserto de ideias

O Sporting saiu de Londres com um ponto, resultado do empate de 0-0 frente ao Arsenal, num jogo em que os leões demonstraram uma extraordinária capacidade no momento defensivo, mas evidenciaram um deserto de ideias no processo ofensivo, principalmente no que diz respeito à tomada de decisão na manobra de contra-ataque. Esta quinta-feira, em pleno Emirates Stadium, frente a uma segunda linha de ‘gunners’, o clube leonino ganhou uma solução para o futuro imediato, com Miguel Luís a ser lançado às feras, mas a verdade é que tudo poderia ter sido deitado a perder devido um erro perto do apito final, com Coates mais uma vez metido ao barulho, o que tem sido habitual na Europa.

O minuto 87 podia ter sido capital para o jogo e frustrante para a estratégia delineada por Tiago Fernandes, que estava a correr como esperado, até então. Tudo nasceu num mau atraso de Bruno Fernandes, ao qual Coates reagiu de forma inapropriada, ao deixar o esférico baixar ao relvado e ganhar velocidade, o que fez com que fosse ultrapassado por Aubameyang, com clara vantagem na velocidade. Mathieu teve que dar o corpo às balas e à medida que o gabonês estava prestes a entrar na área do Sporting travou-o, em ação faltosa. O resultado foi a expulsão do central francês, a cobrir os erros dos colegas, e os leões em desvantagem numérica num momento fulcral do encontro. Ainda assim, a turma leonina pôde respirar de alívio, pois os gunners não chegaram ao golo.

Com Battaglia fora de combate durante vários e longos meses, o Sporting precisava de uma reformulação a meio-campo e foi precisamente isso que Tiago Fernandes executou esta noite por Terras de Sua Majestade. O jovem Miguel Luís foi chamado ao onze, com a missão de se juntar a Gudelj, com Bruno Fernandes mais à frente a fazer a ligação com Montero, um avançado móvel que esteve sempre muito sozinho na frente de ataque. A verdade é que Miguel Luís foi uma aposta ganha, pois os leões conseguiram assim revestir o meio-campo e a zona central do terreno, o que fez com que o Arsenal tivesse que optar por atacar mais pelas laterais.

O Arsenal assumiu o favoritismo que lhe era atribuído e pegou no jogo logo desde o minuto inicial. A posse de bola foi sempre uma constante da equipa de Unai Emery ao longo de todo o encontro e a resposta do Sporting era feita através da expetativa e do lançamento de contra-ataques, com base na velocidade de Nani e Diaby. No entanto, os leões pecaram muitas vezes ao chegarem ao meio-campo adversário, principalmente por falharem no momento da decisão, ou do passe que poderia desmontar a defensiva inglesa. Por isso mesmo, percebe-se a razão para não terem conseguido qualquer remate com perigo à baliza de Cech.

Ao contrário, o Arsenal até esteve algo perto do golo, num par de ocasiões. A primeira aconteceu aos 17 minutos, com Coates a impedir, perto da linha de baliza leonina, um remate certeiro de Welbeck, que desviou em Mathieu e ainda em Renan. Aos 25’, Welbeck ganhou nas alturas a Bruno Gaspar e apareceu na área a cabecear para uma defesa importante de Renan (lance com tremendas consequências para o avançado do Arsenal, que se lesionou gravemente, com imagens que arrepiam....). O início do segundo tempo foi a todo o gás da parte dos gunners, com Aubameyang muito perto da vantagem, a falhar o alvo após passe de Mkhitaryan aos 46 minutos. A entrada de Bas Dost em campo até fazia prever a tentativa de mais cruzamentos para a área contrária do Sporting, mas não foi isso que aconteceu e nem um pontapé de canto foi aproveitado para colocar a bola lá em cima. Com o passar dos minutos, o jogo começou a aquecer, com várias entradas mais duras da parte de jogadores de ambas as equipas e o árbitro a ir ao bolso para mostrar o cartão amarelo.

No fim de contas, foi a organização defensiva do Sporting que permitiu sair com um ponto da deslocação ao terreno do Arsenal, um resultado que coloca o emblema de Alvalade a um pequeno passo de assegurar a passagem à próxima fase da Liga Europa. Um dos pontos principais a retirar do encontro desta noite é o facto de Miguel Luís ser uma solução fiável para o imediato, até porque com a lesão de Battaglia escasseiam as opções para esse setor e em partidas de cariz mais complicado um meio-campo a três apresenta melhores resultados para os leões. Para além disso, resta também frisar que erros como aquele que ditou a expulsão de Mathieu não podem ocorrer em duelos desta importância e diante de adversários do alto gabarito europeu, pois as consequências podem ser bem mais pesadas do que hoje foram.