25 anos de participação ininterrupta nas competições europeias dão para muito. Para jogar com grande parte das equipas portugueses que por lá andaram, inclusivamente. Desde 1992 que o Dínamo Kiev não falha uma competição europeia e, na verdade, ao longo da sua história, raramente o fez. Desde 1992, aliás, que o Dínamo Kiev só falhou a chegada a uma fase final de uma competição europeia, caindo numa pré eliminatória, na temporada 2005/06. Então, na segunda pré eliminatória de acesso à Liga dos Campeões, o Dínamo Kiev foi surpreendido pelo FC Thun com uma derrota por 1-0 na Suíça depois de um empate a duas bolas na Ucrânia.
Poucos clubes portugueses passaram pela Europa desde 1987 sem que, em alguma altura, tenham encontrado o Dínamo Kiev pelo caminho. O conjunto ucraniano tem sido um habitual adversário das equipas lusas mas, nem por isso, um carrasco das mesmas. Em vinte encontros disputados contra equipas portuguesas nas competições europeias, o Dínamo Kiev venceu seis, empatou quatro e perdeu dez desses confrontos. De todas as equipas portuguesas enfrentadas pelo conjunto da capital ucraniana, apenas o Rio Ave não conseguiu bater ou, sequer, empatar, o Dínamo Kiev.
O histórico de confrontos entre o Dínamo e as equipas portuguesas remonta já a 1987, ano em que o conjunto, então soviético, se estabeleceu como a última barreira do FC Porto ao sonho de estar presente na primeira final europeia da história do clube azul e branco. Num ano que nem foi de grande recordação a nível interno para o Dínamo, a nível europeu, a história foi outra. Em contraste com o sexto lugar alcançado pelo Dínamo na Liga Soviética, o conjunto de Valeriy Lobanovskiy apenas caiu nas meias finais da Taça dos Campeões Europeus. Caiu aos pés do FC Porto depois de um duplo 2-1 a favor da equipa portuguesa. A vitória em Kiev, perante cem mil ucranianos, colocou o FC Porto na senda do título europeu que acabaram por vencer um mês mais tarde, em Viena, perante o Bayern Munique.
Desde 1987 e, particularmente, de há uma década a esta parte, que o confronto entre Dínamo Kiev e equipas portuguesas tem sido regular. Na temporada passada, aliás, o clube ucraniano foi um dos adversários do Benfica na fase de grupos da Liga dos Campeões, com o conjunto de Rui Vitória a vencer por 2-0 na Ucrânia e por 1-0 na Luz. O emparelhamento do Dínamo com clubes portugueses nas competições europeias tem sido tão regular que 2017 será o quarto ano consecutivo em que tal se sucede. Se em 2016 o Benfica foi o adversário do Dínamo, já em 2015 e 2014, FC Porto e Rio Ave, respetivamente, se viram no caminho europeu do conjunto ucraniano.
Os portugueses, sempre eles
A ligação do Dínamo Kiev ao futebol português está intimamente associada aos maiores sucessos europeus de FC Porto e, também, Sporting Braga. Se em 1987 o Dínamo foi a equipa que separou o FC Porto da sua primeira final europeia, em 2010/11, foi um dos adversários da campanha quase triunfal do Sporting Braga na Liga Europa. Bracarenses e ucranianos encontraram-se nos quartos de final da prova, com o Braga a arrancar um empate a um golo em Kiev que se tornou chave na eliminatória dado o empate a zero registado em Braga. Os arsenalistas defrontaram ainda o Benfica antes mesmo de voltar a defrontar uma equipa portuguesa, então o FC Porto, na final da competição. Ao contrário de 1987, porém, vencer o Dínamo Kiev numa das eliminatórias finais de uma competição europeia não significou um título europeu para um clube português. Não diretamente, pelo menos.
Por esta altura o Dínamo Kiev dificilmente quererá grandes confianças com tudo o que esteja relacionado com Portugal ou o futebol português. Se já não bastavam as diversas derrotas ao longo de trinta anos de historial europeu entre Dínamo e equipas portuguesas que evitaram que o clube ucraniano regressasse à glória continental, a partir da temporada passada o sucesso interno ficou, também ele, relativizado por culpa de um português. A chegada de Paulo Fonseca ao comando do Shakhtar Donetsk colocou um ponto final na sequência de títulos do Dínamo Kiev e fez regressar a Donestk o ceptro ucraniano. Mais que isso, em 2016/17, Paulo Fonseca alcançou mesmo a dobradinha ao vencer, também, a Taça da Ucrânia, a segunda consecutiva para a equipa de Donetsk.
2017/18 será, então, a quarta temporada consecutiva em que o Dínamo Kiev é emparelhado com um clube português nas competições europeias. A tarefa do Marítimo é complicada mas se há coisa que o futebol já mostrou, é que nada é impossível. Que o diga o FC Thun.