Grande Futebol
Diego Costa, o "bom rezingão" que já era "uma fera" em Penafiel
2018-01-16 21:30:00
Rui Bento e Martelinho recordaram ao Bancada a passagem do avançado do Atlético Madrid pela equipa penafidelense em 2006

Diego Costa voltou ao Atlético de Madrid para voltar a ser protagonista principal da equipa de Simeone, depois de um período negro no Chelsea, onde esteve meio ano sem jogar por desentendimento com o treinador Antonio Conte, e leva um registo de dois golos e uma assistência em três jogos pelos colchoneros, com uma expulsão pelo meio, mas já ninguém se lembra que o brasileiro naturalizado espanhol já jogou no...Penafiel.

Diego Costa mantém as características que já faziam dele um adversário temível no Penafiel, que lutava na época 2006/07 pela subida à Primeira Liga, apesar de na altura só ter 17 anos e ser a primeira experiência na Europa, ele que vinha do modesto Barcelona Esportivo, do Brasil. "Já na altura as características dele eram iguais às de agora. Um jogador muito forte fisicamente, com grande capacidade técnica", recorda ao Bancada Rui Bento, que treinou Diego Costa na equipa penafidelense. "Jogava como segundo avançado e apesar de só ter 17 anos facilmente se tornou a referência da equipa. A certa altura, os jogos contra os nossos adversários passaram a ser dez contra dez, já que ele era sujeito a uma forte marcação individual", conta ainda Rui Bento, treinador nacional dos sub-17.

Uma imagem semelhante à que guarda Martelinho, antigo colega de equipa de Diego Costa no Penafiel, e que se sagrou campeão nacional ao serviço do Boavista. Apesar de ter jogado pouco com o agora dianteiro do Atlético de Madrid, Martelinho não esqueceu os atributos que faziam de Diego um jogador singular. "Tinha muito talento e não tinha medo de assumir o jogo e fazer golos. Impressionava pela capacidade de romper, era um avançado móvel, muito rápido, uma fera, já fazia a diferença dentro de campo", assegura ao Bancada o antigo jogador que recorda um jovem "possante e dinâmico" no relvado que contrastatava com o lado "reservado" fora dos relvados. "Tinha um feitio muito próprio, era muito dono e senhor do seu nariz, acreditava muito no valor dele, o que o fez chegar longe".

"Era um bom rezingão", assegura Rui Bento. "No relacionamento que teve comigo, respeitou-me sempre, foi um jogador de trato fácil, mas claro tinha a sua própria personalidade e parecia sempre insatisfeito", acrescenta o técnico nacional que não se mostra "mesmo nada" surpreenido com o trajeto de Diego Costa no futebol europeu. "Um trajeto digno de alguém que é diferente da maioria dos jogadores".

Umas das mais-valias de Diego Costa é a energia que empresta a cada lance, característica que em Penafiel já denotava. "Nos jogos e nos treinos", ressalva Rui Bento. "Há coisas que nascem com os jogadores. O Diego tinha uma força nas pernas anormal para a idade. Lembro-me de um episódio no início de época, em que fomos à Faculdade de Motricidade Humana fazer os testes físicos e eu até brinquei com ele dizendo-lhe que com aquele ar desengonçado, que ainda hoje tem, ia ter maus resultados. A verdade é que bateu uma série de recordes, atingindo registos máximos. Deixou os responsáveis pelos testes admirados", conta Rui Bento.

Diego Costa foi contratado pelo SC Braga no verão de 2006, com o dedo de Jorge Mendes, mas foi emprestado ao Penafiel onde passou a primeira metade da época. Fez 14 jogos e marcou 5 golos, o suficiente para despertar o interesse do Atlético de Madrid que pagou 1,5 milhões de euros para o assegurar. O avançado brasileiro ganhava 1500 euros por mês. Diego Costa fez, no entanto, a segunda metade da época em Braga, antes de rumar em definitivo a Madrid onde iniciaria a sua escalada até ao topo do futebol internacional. No SC Braga, fez apenas 9 jogos mas teve o momento de fama quando marcou um golo ao Parma, aos 89 minutos que valeu à equipa bracarense uma vitória sobre a equipa italiana nos 16 avos de final da Liga Europa. Mais tarde, quando foi transferido para o Chelsea, rendeu aos cofres do SC Braga cerca de 7 milhões de euros.

Doze anos depois de ter surgido em Penafiel como um perfeito desconhecido, Diego Costa vive agora no Atlético de Madrid uma segunda vida depois de meio ano perdido no Chelsea. E pelo que já fez nos primeiros jogos com a camisola dos colchoneros vai continuar a ser uma "fera" para os adversários, tal como fazia no Penafiel com apenas 17 anos.