Grande Futebol
Diário de um jornalista no Mundial (6)
2018-06-20 12:55:00
António Tadeia vai publicar todos os dias uma entrada neste diário.

O sexto dia de Mundial ficou marcado por uma revolta dos pequenos e pela demonstração de força da Rússia, que afinal tem mesmo de ser levada a sério. Nos três jogos do dia, aquele em que mais tinha expectativa de uma surpresa era o último, o Rússia-Egito. Porque muito daquilo que os russos tinham mostrado na abertura me pareceu dever-se à fragilidade da Arábia Saudita e porque acho que está equipa egípcia vale bem mais do que aquilo que dão por ela e que a mais que provável eliminação deixará impresso na história. E no entanto esse foi o único jogo em que prevaleceu a normalidade.

A Rússia voltou a entrar forte, com uma dinâmica que não lhe vi na Taça das Confederações nem nos jogos de preparação que conduziram a este Mundial. Mesmo assim não marcou e até ficou exposta ao jogo mais cínico dos egípcios, a quem no entanto faltou um Salah à altura do que tinha chegado àquela colisão com Ramos na final da Liga dos Campeões. Os três golos de rajada com que os russos começaram a segunda parte resolveram o jogo e, sendo verdade que tiveram a sorte de desbloquear o score num autogolo, não é menos verdade que também viram sorrir-lhes a fortuna de a lesão de Dzagoev encaminhar Cherchesov para colocar Dzyuba no onze. Que avançado! Tem limitações? Tem. Mas não vejo muitos melhores do que ele no papel de ponta-de-lança de referência.

Antes do espetáculo russo tinham acontecido duas surpresas. A Colômbia, que jogou com dez a partir do terceiro minuto, perdeu com o Japão, equipa à qual as repetidas presenças em fases finais de Mundiais e a vinda de jogadores para a Europa de forma consolidada tem dado o rigor e a capacidade para ser competitiva. E o Senegal ganhou à Polónia, com um golo estranho, é bem verdade, mas expondo ao Mundo que estes polacos tremem sempre que chegam aos palcos maiores e que, por isso, o seu ranking é muito exagerado. Foram surpresas, sim, mas nada que impedisse o dia de acabar como tinha de ser. É que ontem “Daft Punk Was Playing At My House”.

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