Grande Futebol
Diário de um jornalista no Mundial (5)
2018-06-19 12:30:00
António Tadeia vai publicar todos os dias uma entrada neste diário.

Isto de andar este mês da Rússia para Portugal e de Portugal para a Rússia tem muito que se lhe diga. O quinto dia de Mundial não apresentava grandes atrativos em termos de competição e, por isso, uma vez que estava em casa, pude fazer coisas que dificilmente faria em Kratovo. E ainda assim vi o que me interessava dos jogos de ontem.

Não vi o Suécia-Coreia do Sul, confesso. O jogo dos suecos, ainda por cima sem aquela fonte de imprevisibilidade permanente que seria Zlatan Ibrahimovic, interessa-me pouco, tão arrumado ele é, tão parecido fica com aqueles manuais de instruções que chegam com os móveis do Ikea, mas que eu mesmo assim não consigo entender. Aproveitei para cortar o cabelo, que já estava a pedi-las há algum tempo. Até porque o Camilo Lourenço, que já regressou de Moçambique, me tinha pedido que fizéssemos esta semana duas edições do Pontapé de Canto, a primeira assim que fosse possível e, uma vez que não vou a Moscovo para o Portugal-Marrocos, outra no dia a seguir ao nosso segundo jogo. Assim se fez e, mal acabou o Bélgica-Panamá, estávamos em direto para o Facebook no meu gabinete na redação do Bancada.pt, para falar sobretudo da seleção portuguesa: do que eu vira no jogo com a Espanha e no que esperava ver frente à equipa de Marrocos.

A pouca qualidade da equipa do Panamá não deu para apreciar bem o que pode ser a Bélgica neste Mundial. Os belgas nem jogaram muito, mas também não precisaram disso para ganhar por 3-0. O primeiro golo demorou e Martínez até teve de mudar taticamente para que a equipa encontrasse Lukaku, autor de dois golos depois do belo remate de Mertens ter aberto o ativo no início do segundo tempo. Aliás, posso até dizer que, apesar das dificuldades que encontrou para superar a Tunísia, me impressionou mais a jovem Inglaterra do que a tão aguardada Bélgica. Aquele início vertiginoso podia ter dado aos ingleses muito mais do que o golo solitário de Kane, depois cancelado pelo penalti de Sassi. É verdade que a vitória inglesa surgiu apenas na compensação, outra vez por Kane (que bom é tê-lo na área, em vez de o ter a bater os cantos...), mas há ali muito futebol e, num contexto certo de concentração competitiva, esta Inglaterra pode dar cartas numa prova em que o ritmo é importante.

Acabado o futebol, pude aproveitar o facto de estar em Lisboa. A noite, quente, estava convidativa, as agendas puderam finalmente encontrar-se e houve sushi para dois. Ainda nos rimos com o comentário da Juju, pequena brasileira de quatro anos, que jantava com os pais na mesa ao lado. Mas isso já não tinha nada a ver com o Mundial, que hoje retomarei, com muita atenção ao Egito. Os russos que não achem que são favas contadas.

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