Não, o título não é uma brincadeira. O Bancada descobriu mesmo um Ibrahimovic goleador. E não é Zlatan. Atirámo-nos a esta história e conseguimos falar com este rapaz, que estará na Liga Europa nesta temporada, pelo Dudelange, do Luxemburgo. Falámos com ele sobre os golos, mas também, claro, sobre Zlatan Ibrahimovic. Ele diz que gosta de ter o mesmo nome que Zlatan, mas dispara, entre risos: “Ele também deve gostar de ter o mesmo nome que eu”. Mas já lá vamos.

Antes, importa contar a história, que até é bastante simples: embrenhados num trabalho sobre a fantástica caminhada do Dudelange, na Liga Europa, descobrimos, numa passagem pelo plantel, que há lá um rapaz chamado Sanel Ibrahimovic. Algo engraçado, pensámos nós, mas não mais do que isso. Vimos, também, que ele é avançado. Mais engraçado ainda, mas, uma vez mais, apenas isso, até porque alguém chamado Ibrahimovic não poderia, de forma nenhuma, ser defesa. O nosso espanto veio a seguir. Curiosos com a origem deste jogador – “será que é familiar do Zlatan?” –, fomos cuscar os dados do jogador. Descobrimos que este rapaz é, no Luxemburgo, um tremendo goleador.

Resumindo: chama-se Ibrahimovic, tal como Zlatan. É avançado, tal como Zlatan. É bósnio, tal como a família de Zlatan. É um grande goleador, tal como Zlatan. Temos tudo para uma bela historinha.

Antes de continuarmos, temos de provar o nosso ponto. Ora veja lá o registo goleador deste rapaz.

Sabemos o que está a pensar. “Epá o tipo marca golos, sim, mas na Liga Luxemburguesa também eu marcaria, com a minha barriguinha de cerveja”. Sim, é claro que, por lá, o nível competitivo é mais baixo. Mas sejamos justos: alguém que marca golos assim já mereceria algo mais… ou não?

“Que eu saiba, não tenho nenhuma ligação a ele”

Não poderíamos deixar passar isto em claro e fomos falar com Sanel Ibrahimovic. Pergunta de um milhão de euros: caro Sanel, tu és, ou não, familiar do Zlatan?

“Que eu saiba, não tenho nenhuma ligação a ele. A única coisa que sei é que as nossas famílias são da mesma terra. O meu pai e alguma da minha família são da zona da do Zlatan”, conta, ao Bancada.

A segunda pergunta de um milhão de euros é, também, bastante óbvia: se marcas assim tantos golos, por que motivo continuas no Luxemburgo?

“A verdade é que, quando era mais jovem, tive várias propostas para sair, inclusivamente de grandes clubes. Mas optei por ficar no Luxemburgo”, explica. Sanel já tem quase 31 anos e, agora, assume que já não tem a mesma probabilidade de sair.

Mas voltemos aos golos. Ver o registo goleador de Ibrahimovic faz-nos perceber que, com os anos, a veia goleadora tem ficado mais modesta. Os gloriosos anos entre 2008 e 2014 deram lugar a duas temporadas menos produtivas. O talento acabou? A idade pesou? Nada disso.

“Eu fui o melhor marcador durante anos, mas houve uma lesão de um ala e eu comecei a jogar no corredor. Foi por isso que comecei a marcar menos golos”, explica, atirando ainda um segundo motivo: “Depois disso, houve uma mudança de treinador e, no início, eu nem sequer era titular”.

Ainda assim, diz-nos Ibrahimovic, com a habitual ideia dos jogadores profissionais, o importante são os títulos. “Apesar de não jogar tanto, todos os anos fui campeão no clube e isso é o mais importante para mim”.

“Claro que adoraria conhecê-lo!”

Agora, vamos lá falar de Zlatan Ibrahimovic. Pensámos duas coisas: por um lado, Sanel poderia ter o benefício de acharem que ele tinha genes de Zlatan. Por outro, ter este nome teria o lado negativo de ser uma pressão extra.

Sanel diz que não sente uma nem outra. “As pessoas não cobram. Costumam perguntar se eu sou da família dele, mas não posso dizer que tenha algum privilégio”.

Sanel não tem problema de se comparar a Ibrahimovic, mas fá-lo com humildade. “Não temos o mesmo estilo de jogo. Eu jogo mais na profundidade. Mas ambos gostamos de marcar golos. Isso é o mais importante”, define, acrescentando: “Gosto do estilo de jogo dele e do seu caráter”.

Por fim, e por mera curiosidade, quisemos saber se Sanel Ibrahimovic e Zlatan Ibrahimovic se conhecem. O bósnio diz que não, mas dispara, com orgulho: “Nunca o conheci, mas recebi uma camisola dele. Uma televisão francesa fez-me uma entrevista e deu-me uma camisola. Mas claro que adoraria conhecê-lo!”.