Grande Futebol
Depois de tocarem o céu, os ‘vikings’ desceram à terra
2018-10-16 17:55:00
Lembra-se da seleção que em 2016 deslumbrou o mundo do futebol com o 'haka viking'? Ela está em crise e das graves.

Em 2016, a Islândia alcançou a maior proeza futebolística do país, com a primeira presença numa grande competição de seleções, mais precisamente o Campeonato da Europa. Em pleno território francês, os nórdicos deram a conhecer o ‘haka viking’ ao mundo do desporto rei, fenómeno que viralizou nas redes sociais, e deixaram também uma imagem que poucos pensaram ser possível. Desde então, os islandeses conseguiram continuar no bom caminho, ao carimbarem a presença para o Mundial que se disputou neste verão. No entanto, o ano de 2018 tem sido pouco amigo, futebolisticamente, para o país que tem a cidade de Reiquiavique como capital.

O presente não é de celebrações para os islandeses. Vai já em onze a série de jogos consecutivos que estão sem vencer, sendo que mais de metade desses encontros terminaram com derrotas. Em 2018, a Islândia ainda só ganhou uma partida, um particular diante da Indonésia (4-1), a 14 de janeiro. Pelo meio, no Mundial não conseguiram passar a fase de grupos, tendo consentido duas derrotas e um empate. Ora bem, desde aí o saldo da seleção islandesa é o seguinte: derrota contra o México por 3-0 (particular); desaire frente ao Peru por 3-1 (particular); derrota diante da Noruega por 3-2 (particular); empate com o Gana 2-2 (particular); igualdade frente à Argentina por 1-1 (Mundial); derrota diante da Nigéria por 2-0 (Mundial); desaire perante a Croácia por 2-1 (Mundial); derrota contra a Suíça por 6-0 (Liga das Nações); desaire diante da Bélgica por 3-0 (Liga das Nações); empate com a França a 2-2 (particular); e derrota perante a Suíça por 2-1 (Liga das Nações).

Com três derrotas em outros tantos encontros na Liga das Nações, a Islândia juntou-se à Polónia como as duas primeiras seleções já despromovidas na recente competição. Ambos os conjuntos estavam presentes no principal escalão da prova e ficam, assim, relegados para o segundo. De facto, a campanha dos islandeses na Liga das Nações está bem aquém das expectativas, mesmo que o grupo em que estão inseridos seja composto por Bélgica e Suíça. É que nos três encontros já realizados, os nórdicos apenas conseguiram marcar um golo e sofreram onze, números que demonstram o percurso que a seleção está a ter.

Foi há cerca de dois anos que os islandeses viviam o culminar de todo um percurso de desenvolvimento do futebol. Este país que tem uma população estimada de 350 mil habitantes conseguiu a proeza de estar presente num Campeonato da Europa e de que forma. É que logo na primeira presença numa grande competição oficial de seleções, a Islândia conseguiu chegar aos quartos de final. Os nórdicos até ficaram no mesmo grupo de Portugal, conjunto contra o qual fizeram a estreia na prova, com uma igualdade a dois golos. No total, os dois empates e uma vitória na fase de grupos colocaram os islandeses nos ‘oitavos’, onde surpreenderam tudo e todos com um triunfo perante a Inglaterra, que enviou os britânicos para casa de malas feitas. Na fase seguinte, a França (finalista vencida) acabou por ser obstáculo demasiado grande para os islandeses, que foram o autêntico conto de fadas da competição que teve lugar em solo gaulês.

Em 2016, a Islândia tocava o céu, no que diz respeito ao futebol. Dois anos mais tarde, os ‘vikings’ liderados em campo pelo capitão Gylfi Sigurdsson desceram à terra, municiados pelos onze jogos consecutivos sem conhecer o sabor do triunfo. É tempo de reavaliar as prioridades e voltar ao desenvolvimento de base que levou os islandeses às duas grandes últimas competições de seleções? A verdade é que até pode ser cedo para se pensar já nisso, pois a Islândia ainda vai ter a oportunidade de se qualificar para o Europeu de 2020, através da normal fase de apuramento, que terá início em 2019, após a conclusão da Liga das Nações.