Grande Futebol
Critérios de chamadas e dispensas das seleções irritam meio mundo
2017-11-16 17:00:00
Jogos particulares acentuam tensão entre clubes e seleções

As relações entre os clubes e as seleções nem sempre são fáceis e a tensão é acentuada sempre que se trata de jogos de caráter particular. De Inglaterra ao Irão, passando por Portugal, são inúmeros os casos que levam os treinadores a adotarem posições críticas face aos critérios de chamadas e dispensas dos jogadores. 

José Mourinho é apenas um dos exemplos. O treinador português irritou-se verdadeiramente com o selecionador inglês, Gareth Southgate, face à chamada de Phil Jones. O Manchester United perdeu no reduto do Chelsea (0-1) e Phil Jones saiu lesionado aos 62 minutos. Mas esse facto não inviabilizou a chamada do central à seleção, o que fez o treinador português perder a calma com a opção do treinador britânico, ainda mais depois de utilizar o defesa-central que estava tocado no particular frente à Alemanha, realizado no dia 10. "Não é possível que um jogador com um problema físico jogue num particular. É claro que o Phil Jones tem um problema. Há três semanas que é assim, há problemas que o têm vindo a impedir de jogar pelo seu clube", salientou Mourinho, em declarações publicadas no "Daily Mirror", sustentando: "Acaba por jogar pelo seu clube em condições extremas, porque se trata de um jogo grande, frente ao Chelsea, e depois vai para a seleção e regressa de lá com a lesão, que já tinha e que toda a gente sabia que já tinha."

Daqui a criticar os critérios de chamada em contraponto com outros clubes foi um pequeno passo. "Há sempre clubes cujos jogadores têm sempre qualquer coisa. Pode ser uma unha, uma gripe, o dedo pequeno do pé, mas acabam sempre por os ter de volta, onde podem ficar de férias e descansar. E depois há outros clubes onde os treinadores são ingénuos, demasiado puros, que dizem aos jogadores que têm de ir e pagam o preço por vezes", frisou Mourinho, apontando como exemplo os futebolistas de Chelsea e Manchester City, que acabaram por ser dispensados por Southgate: "No próximo fim de semana quero ver se jogam os jogadores que não foram agora à seleção: o Drinkwater e o Delph... O único que não vai jogar de certeza é o Phil Jones."

No Irão, deu-se um caso com algo de insólito, envolvendo o treinador português Carlos Queiroz. Irritado, o selecionador iraniano dispensou sete jogadores depois das críticas do treinador do Persépolis, Branko Ivankovic, que censurou um estágio de preparação da seleção. Ivankovic condenou a realização do estágio, referiu que os jogadores iriam perder tempo de preparação no clube, que poderiam apresentar-se em baixo de forma no regresso e até que este estágio poderia prejudicar os resultados dos clubes iranianos nas competições asiáticas. Queiroz não perdeu tempo a responder. "Sabendo que o estágio não ocorre numa data da FIFA, e entendendo que o sr. Branko Ivankovic não está disponível para cooperar com um plano de preparação que ele também aprovou, quero deixar claro que o sr. Ivankovic não irá encontrar na seleção nacional ou na minha ação como treinador qualquer argumento para justificar o seu sucesso ou fracasso", referiu, acrescentando: "Ao mesmo tempo, quero libertar os sete jogadores do Persépolis da pressão movida pelo sr. Ivankovic após a suspeita que ele levantou em relação ao seu profissionalismo."

Em Portugal, o FC Porto, pela voz do diretor de comunicação, criticou a "sobreutilização" de Danilo Pereira nos encontros particulares de carácter solidário frente a Arábia Saudita e Estados Unidos, bem como a chamada de José Sá, que acabou por não se estrear com a camisola das quinas. Todavia, Sérgio Conceição já veio a terreiro, sublinhando que de futebol quem fala é ele e o presidente. “Tenho uma excelente relação com o Francisco J. Marques e dou-lhe os parabéns pelo trabalho que tem feito. Mas há uma coisa que não posso deixar de dizer. Sobre o futebol há uma estrutura. Há o treinador e o presidente. E só estas duas pessoas falam da equipa de futebol. Eu já falei com ele [Francisco J. Marques] e acho que as pessoas deram uma grande importância ao que ele disse. Temos que desvalorizar aquilo que foi dito e reforçar que é o presidente e o Sérgio Conceição que falam pela equipa do FC Porto”, reforçou.