Grande Futebol
Zequinha, o bom rebelde que um dia roubou o cartão vermelho ao árbitro
2018-07-24 21:40:00
A contratação de Zequinha reforça a aposta do Vitória FC em jogadores com mais experiência

A contratação de Zequinha, de 31 anos, veio reforçar a mudança de paradigma na política de contratações do Vitória de Setúbal. Depois de José Couceiro ter apostado no lançamento de jovens jogadores, Lito Vidigal aposta na experiência. Zequinha, "o bom rebelde" que regressa "em nome do pai" ao Vitória FC, onde fez furor na formação, e tem uma história polémica ao serviço das seleções jovens quando um dia "roubou" um cartão vermelho da mão do árbitro quando este estava a mostrá-lo a Mano. José Couceiro era na altura o selecionador de sub-20.

Oito dos reforços dos sadinos, num total de 12, estão acima dos 26 anos e a maioria tem muitos "quilómetros" percorridos nos relvados portugueses. Milton Raphael (guarda-redes, 27 anos, ex-Portuguesa RJ), Mano (lateral, 31 anos, ex-Estoril-Praia), Éber Bessa (médio, 26 anos, ex-Marítimo), Nuno Valente (médio, 26 anos, ex-Arouca), Rúben Micael (médio, 31 anos, ex-Paços de Ferreira), Alex Freitas (avançado, 26 anos, ex-Pro Vercelli), Mendy (avançado, 29 anos, ex-Bangkok Glass) e, agora, Zequinha (avançado, 31 anos, ex-Atlético de Kolkata). Ou seja, 67 por cento das novas caras da equipa do Sado revelam uma aposta do novo treinador dos sadinos numa maior dose de experiência, ao contrário do que sucedeu com Couceiro que apostou em jovens valores onde se destacaram Gonçalo Paciência, João Amaral, André Pereira, João Teixeira, entre outros.

No topo das apostas de Lito Vidigal está Rúben Micael, internacional português e que ostenta no currículo a conquista de dois campeonatos nacionais, duas taças de Portugal e uma Liga Europa, ao serviço do FC Porto. O médio de 31 anos regressou a época passada a Portugal para representar o FC Paços de Ferreira e Lito Vidigal lançou-lhe um novo desafio. Jogadores como Mano, Nuno Valente e Éber Bessa também têm lastro na I Liga. De todos os reforços, Milton Raphael, ex-guarda-redes da Portuguesa RJ, é o único sem experiência europeia. Cascardo (21 anos, ex-Atlético Paranaense), Artur Jorge (23 anos, ex-Steaua BUcareste), Sávio Robetto (22) e Victor Veloso (21 anos, ex-Oriental), igualemnte reforços sadinos, estão fora detse lote de maior experiência.

Zequinha regressa em nome do pai

Três anos depois de ter deixado Setúbal, Zequinha volta ao clube onde cumpriu os primeiros anos de formação e do qual é sócio. O jogador que na última época atuou na Índia, no Atlético Calcutá, assinou por duas épocas com o Vitória FC, voltando a trabalhar com Lito Vidigal, precisamente o treinador que o tirou do clube do Sado e o levou para o FC Arouca. O jogador justificou esta terça-feira a opção de retornar à casa-mãe com uma promessa feita ao falecido pai.

"Este regresso para mim é muito importante. Vim para o meu clube, do qual sou sócio há 25 anos, um clube que me diz muito e à minha família também. Vim para cumprir uma promessa que fiz ao meu pai que, como todos sabem, era um grande vitoriano" , afirmou o avançado em declarações ao site do clube.

Depois de vários anos na formação do Vitória de Setúbal, Zequinha deixou os sadinos e assinou pelo FC Porto em 2004, ainda como júnior. Nunca chegou a jogar pela equipa principal e esteve emprestado a vários emblemas antes de se mudar para a Grécia em 2011, tendo representado o AE Larissa e o Panthrakikos. Regressou a Portugal em 2013 para jogar, no Vitória de Setúbal. Vestiu ainda a camisola de FC Arouca e Nacional antes de, em 2017, viajar para a Índia. Agora, três anos depois, regressa, de novo, à casa de partida, e invoca o nome do pai.

Zequinha está associado a um episódio polémico ao serviço das seleções jovens de Portugal. Há dez anos, no Mundial Sub-20 de 2007, Portugal e o Chile mediram forças num encontro que terminou com o triunfo dos sul-americanos por 1-0, com um golo apontado por um jovem chamado Arturo Vidal. Mas o protagonista foi... Zequinha. O novo reforço do Vitória FC foi expulso nesse jogo por ter "roubado" o cartão vermelho da mão do árbitro quando este estava a mostrá-lo a Mano. José Couceiro era na altura o selecionador de sub-20.

"Estávamos a perder por 1-0 e faltavam cinco minutos para o fim. O árbitro ia expulsar um jogador muito importante e eu só tirei o cartão para que ele pensasse duas vezes. Antes, tinham havido duas agressões ao Fábio Coentrão e nada aconteceu", justificou na altura Zequinha.