Marc Overmars, antigo internacional holandês e atual diretor técnico do Ajax, criticou a UEFA e a federação holandesa (KNVB) por insistirem em retomar as competições que foram suspensas devido à pandemia.

As críticas surgem depois da UEFA ter dado um prazo (até início de agosto) para cada federação encerrar as provas em curso e indicar o nome dos clubes que vão competir nas provas europeias da próxima época, com a KNVB a revelar, de seguida, que pretendia retomar a Eredivisie (I Liga) na segunda quinzena de junho.

Em entrevista do De Telegraaf, o jornal mais lido da Holanda, o vencedor da Liga dos Campeões de 1994/95 afirmou que as duas organizações estão mais preocupadas com os lucros do que com a saúde pública.

"Comparo a UEFA e a KNVB com a posição do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, há uma semana: a economia é mais importante do que o coronavírus", sustentou Overmars, lembrando que a covid-19 tem provocado mais de cem mortes por dia no país.

"A Eredivisie está morta", insistiu o dirigente do Ajax.

"Porque estamos a discutir sobre dinheiro e não sobre a saúde pública? Eu desejava que a KNVB tomasse uma posição independente, mas preferiu esconder-se atrás da UEFA", reforçou o ex-internacional da 'laranja mecânica'.

Overmars acrescentou que os jogadores "também têm pais, mães, avós e avós" e não têm vontade de regressar aos relvados face à possibilidade de contagiar um familiar "que possa ficar gravemente doente ou até morrer".

Na altura da suspensão, a Eredivisie tinha oito jornadas para disputar, com alguns clubes a terem ainda um jogo em atraso.

A KNVB pretende que as jornadas em falta sejam realizadas entre a segunda quinzena de junho e 3 de agosto.

Hoje, um especialista em Direito do Desporto, Emanuel Calçada, alertou que a decisão da UEFA vai levar a que não haja "um critério uniforme".

A Bélgica, país com fronteira com a Holanda, já deu a entender que vai consagrar como campeão o atual líder do campeonato.