A tempestade mediática que apanhou Ronaldo nesta semana, depois das acusações feitas por Kathryn Mayorga, de 34 anos, que alega que o internacional português a violou em junho de 2009, está a criar mal-estar junto das marcas do jogador, com consequências já diretas, e pode vir a ter um custo elevado nos proveitos financeiros do avançado da Juventus.

Daniel Sá, presidente executivo do IPAM -Insituto Português de Adminstração de Marketing, que há oito anos "mede" a marca do jogador português, avalia uma "queda abrupta" de "60 milhões de euros" se o jogador acabar por ser condenado judicialmente. "É muito cedo e vamos ter de aguardar o que vai acontecer nas próximas semanas ou meses, mas no pior cenário, em caso de condenação judicial e de uma convicção mediática inabalável, a marca pode perder 60 milhões de euros, não tenho dúvidas", afirmou o presidente do IPAM, em declarações reproduzidas no Jornal de Notícias. Para Daniel Sá, "quanto mais tempo o caso se arrastar, pior será para Ronaldo e para a marca".

Algumas das marcas que estão associadas à imagem de Ronaldo começam a não conseguir esconder um mal-estar com toda esta situação. A EA Sports, empresa que desenvolve videojogos, entre eles a série FIFA, já retirou a imagem do jogador português da promoção do FIFA 19, lançado a 28 de setembro, e o perfil de CR7 no FIFA 18 foi apagado. Numa curta declaração, aquela empresa anota: “Esperamos que os atletas que patrocinamos e embaixadores se comportem de uma forma condizente com os valores da EA”, garantindo estar "a monitorizar a situação".

A Nike, empresa de artigos desportivos com a qual CR7 terá celebrado um contrato de 867 milhões de euros, também já veio a terreno dizer estar "profundamente preocupada" com as acusações feitas contra Ronaldo, classificando as acusações de Kathryn Mayorga de "inquietantes". "Vamos continuar a seguir a situação por perto", garante a empresa.

Embora não tenha uma relação comercial com Ronaldo, a Jeep, marca automóvel que é o principal patrocinador da Juventus também marcou posição. Na última campanha de promoção, feito com jogadores da equipa de Turim, entre eles João Cancelo, Ronaldo não surge na fotografia. Recorde-se que aquando da transferência de Cristiano Ronaldo para a Juventus, a Bloomberg escrevia que a ida do português para a Vechia Signora poderia dar um retorno de 50 milhões de euros caso a Juventus chegasse à final da UEFA Champions League.

O mediatismo deste caso está, aliás, a ter consequências no valor das ações do clube de Turim. Os títulos da Juventus caíram ontem quase 10% no fecho da Bolsa de Valores de Milão. Segundo a France Press, o título, que subiu desde a chegada do jogador a Turim, em julho, fechou a perder 9,92 por cento, para 1,19 euros, com uma queda de 1,29 por cento. Ainda assim, o clube de Turim já manifestou solidariedade com o jogador manifestando-lhe todo o apoio, garantindo que CR7 "está pronto" para a partida desta tarde com a Udinese, a partir das 17 horas. “Cristiano Ronaldo mostrou o seu grande profissionalismo e dedicação nos últimos meses, o que é muito apreciado por todos na Juventus, e os factos incriminatórios que remontam a quase dez anos não mudam essa opinião”, disse a Juve, no Twitter.

Fora do âmbito comercial, a Save The Children, ONG de defesa dos direitos das crianças, organização a que Ronaldo se tem associado com donativos e campanhas, reagiu com incredulidade às acusações de que é alvo o internacional português. "Estamos arrasados pelas notícias que temos visto nas últimas 24 horas e estamos a trabalhar no sentido de termos mais informação”.

Cristiano Ronaldo está associado a 20 marcas internacionais. Para além das já citadas Nike, EA Sports, da lista constam, entre outras, a empresa de tecnologia Samsung, a marca de relógios Tag Heuer, a empresa francesa de telecomunicação com implantação em Portugal, Altice, ou a marca de champô Linic. MTG, American Tourister, Wey, Clear, Panzer Glass, ROC, VMS, Striker Force, Facebook Series, Panini, Herbalife, Abbott, Sleepscore, Egyptian Steel e Exness também estão associadas ao internacional português.