Grande Futebol
Ben Yedder, uma história de "sonho" no Teatro dos Sonhos
2018-03-14 20:10:00
O avançado franco-tunisino arrumou com o Manchester United e agora tem o sonho de voltar à seleção francesa

Quando Wissam Ben Yedder foi lançado por Vincenzo Montella, em Old Trafford, ao minuto 72, para render Muriel, sabia que tinha uma missão para cumpir. Difícil, mas não impossível. O avançado francês, descendente de tunisinos, tinha de marcar um golo para abrir o caminho ao Sevilha FC rumo aos quartos de final da Liga dos Campeões. O resultado estava 0-0, o sonho andaluz mantinha-se bem vincado. Bastaram 87 segundos para Ben Yedder silenciar o Teatro dos Sonhos, naquele que foi o golo mais rápido apontado por um suplente na edição da Liga dos Campeões. E não se ficou por aqui. Dois minutos depois consumia a eliminatória do alto do seu 1,70 metros cabeceou, nas costas de Young, e bateu De Gea pela segunda vez. Estava escrita a mais bela página do Sevilha FC nos últimos 60 anos. Desde 4 de dezembro de 1957 que o clube andaluz não atingia os quartos de final da principal prova da UEFA. A culpa foi de um franzino avançado, franco-tunisino, que nasceu em França e que viu o seu trajeto na seleção francesa interrompido nos sub-21 por causa de uma polémica ida a uma discoteca que o levou a ser supenso pela federação francesa.

Descendente de tunisinos, Ben Yedder nasceu em Sarcelles, cidade localizada nos subúrbios de Paris, com alto indíce de emigrantes. O avançado deu os primeiros passos na carreira em pequenos clubes locais, ao mesmo tempo que brilhava no futsal. Ao mesmo tempo que ia despertando a veia goleadora ao serviço do UJA Alfortville, da quarta divisão francesa, representava a seleção francesa de futsal. As qualidades técnicas de Ben Yedder, então com 20 anos, não passaram despercebidas e o Toulouse FC contratou-o, juntando-se num primeiro momento à segunda equipa dos Téfécé.

Mas rapidamente passou a ser o dono do ataque da formação principal do sul de França, estreando-se a 16 de outubro diante do Paris Saint-Germain, onde foi titular durante sete temporadas, apontando um total de 65 golos. Nas últimas quatro épocas apontou entre 14 e 17 golos, um número muitio positivo para uma equipa que por duas vezes lutou para evitar a despromoção. O veia goleadora de Ben Yedder, cujo 'nickname' é "Benyedbut", começava a despertar o interesse de outros clubes. É então que em 2016/17, o Sevilha FC aposta nele, contratando-o por 9,5 milhões de euros, para o lugar de Kevin Gameiro, entretanto vendido ao Atlético de Madrid. Ben Yedder foi a última contratação do diretor desportivo Monchi, antes deste rumar para a AS Roma.

O desempenho de Ben Yedder no primeiro ano na Andaluzia não foi aquele que os responsáveis do clube espanhol estariam à espera. Nem sempre titular, marcou 11 golos e fez cinco assistências no campeonato,além de ter marcado por sete vezes, entre a Liga dos Campeões (2) e a Taça do Rei (5). Esta temporada, contudo, tudo tem sido diferente. Para melhor. Sobretudo na Liga dos Campeões. Ben Yedder marcou oito dos 14 tentos que o Sevilha FC leva apontados na edição da Champions deste ano, estando apenas atrás de Cristiano Ronaldo, com 12.

José Mourinho não se pode queixar de que não estava avisado para o perigo que poderia vir de Ben Yedder. É que o avançado do Sevilha FC já tinha feito estragos no empate com o Liverpool FC, por 3-3, no Ramón Sánchez Pizjuán, em jogo da fase de grupos, em que o avançado francês marcou dois golos.

Apesar da concorrência, Ben Yedder, que leva 19 golos em 34 partidas esta temporada, surge no radar da seleção francesa em vésperas de Campeonato do Mundo. O jogador afastou a possibilidade de representar a seleção da Tunísia que o tentou convencer para o levar à Rússia, mas o sonho é mesmo voltar à seleção francesa depois do afastamento de que foi alvo em outubro de 2012, quando foi supenso de qualquer convocatória depois de ter sido descoberto num clube noturno de Paris, três dias antes de um jogo decisivo para a classificação para o Europeu de sub-21, em 2013.