Grande Futebol
Autuori, uma conferência improvisada e uma lição de caráter. Gigante
2019-10-17 11:40:00
"E se querem afastar o Gustavo, primeiro têm de me afastar a mim, afirmou responsável pelo futebol do Santos

O responsável pelo futebol do Santos decidiu apresentar-se à imprensa, para esclarecer uma questão que se prende com um alegado afastamento de um jogador em final de contrato. O defesa Gustavo Henrique ainda não chegou a acordo para renovação e surgiram ecos de que estaria a ser vítima de uma represália.

Paulo Autuori não gostou das notícias e decidiu explicar o assunto. Mas fez mais do que prestar um esclarecimento. Deu uma verdadeira lição de caráter, apontando o dedo a quem tem culpa pela indefinição contratual – “erro do clube”, afirma – e garantindo que o jogador merece todo o respeito, pela forma digna como sempre envergou aquela camisola.

O antigo treinador – que passou por clubes como Vitória de Guimarães, Nacional, Marítimo e Benfica – foi arrebatador na resposta.

“De uma forma muito clara e objetiva, pude constatar que se focou a possibilidade de, em virtude de uma possível renovação do contrato, o clube não permitir que ele jogasse. Então, quero dizer o seguinte: isso só iria acontecer se eu não estivesse aqui. Comigo aqui, ele vai jogar. E a única pessoa que pode dizer se ele joga é o técnico. Só não joga por motivo técnico, ou tático”, garantiu.

Paulo Autuori lembra o passado de Gustavo Henrique no Santos. Um passado que não se pode apagar.

“Enquanto eu estiver aqui, o jogador vai jogar, porque tem uma história no clube, porque já renovou três vezes contrato. E, se não houver uma continuidade, foi por erro de planeamento do clube, por não ter feito as coisas com a antecipação necessária. Ok?”, prosseguiu.

Mas Paulo Autuori não se ficou por aqui e falou para dentro do clube: “Se a notícia vem de dentro do clube, o problema é comigo. E se querem afastar o Gustavo, primeiro têm de me afastar a mim. Enquanto eu estiver aqui, desde que o treinador assim o entenda, ele vai jogar”.

O responsável do futebol do Santos justificou a sua posição. “É o reconhecimento de um profissional de altíssimo nível, reconhecimento de uma pessoa de caráter. O futebol não pode cometer injustiças. É um jogador que deu a vida pelo clube, enquanto esteve aqui. Pode haver possibilidade de ficar”, explicou.

Num recado a outros dirigentes do Santos, Autuori deixou uma mensagem: “Primeiro, terão de passar por cima de mim. Ou seja, eu não estar aqui. E isso é uma situação que pode acontecer. Valeu? Obrigado e peço desculpa, mas estou habituado a defender o grupo com quem trabalho”, concluiu, dando lugar a Gustavo Henrique, que também esclareceu o assunto.

Autuori. Um gigante.