Grande Futebol
Austrália: um continente pequeno demais para uma seleção
2018-06-06 11:00:00
Em 2005, a Austrália tomou a decisão de deixar a OFC e jogar na AFC e nunca mais falhou a presença num Mundial

A Austrália, terra dos cangurus, fica localizado no continente da Oceania, mas no que ao futebol diz respeito a seleção joga pela Confederação da Ásia (AFC). Confusos? Em 2005, a Austrália tomou a decisão de mudar de Confederação e a verdade é que a partir daí tudo mudou na história do futebol australiano: desde então, apurou-se sempre para uma fase final de um Campeonato do Mundo. Em 2006, chegou aos oitavos de final, em 2010 e 2014 ficou-se pela primeira fase. Em 2018, logo se verá.

Entre política, economia, interesses e diversos outros assuntos envolvidos nessa questão, o que levou a Austrália a optar pela mudança de Confederação? A resposta mais plausível foi competitividade e desempenho. A Confederação da Oceania é a única que não tem direito a uma vaga garantida no Mundial e por isso a Austrália, sempre muito superior às restantes seleções, necessitava sempre de disputar uma repescagem contra uma seleção de outra confederação. Durante muitos anos, após a primeira presença num Mundial, em 1974, a Austrália falhou sempre a qualificação, com destaque para 1994, quando após vencer as eliminatórias da Oceania, foi eliminada pela...Argentina, no playoff.

Por unanimidade, em 2005, o comité executivo da AFC aceitou a entrada dos australianos, com a justificativa de que a mudança faria bem à imagem da Ásia, graças ao desempenho desportivo e económico do país dos cangurus, segundo o presidente da AFC, Mohammed Bin Hammam. O ano de 2006 foi o último ano dos Socceroos pela OFC, coincidindo com um grande feitro, o de terem conquistado uma vaga para o Mundial de 2006, após derrotar o Uruguai no playoff.

Com a saída da Austrália, a Nova Zelândia tornou-se o "gigante" da Oceania, mas não deixou de criticar a decisão da mudança, pois a imagem da OFC, considerada a mais fraca das confederações, ficaria ainda mais fragilizada sem a seleção australiana.

Desde a entrada na AFC, a Austrália passou a enfrentar adversários mais fortes, como o Japão, por exemplo. Os clubes australianos, esses, obtiveram um desempenho fraco na Liga dos Campeões da Ásia, mas o destaque de crescimento recaí por inteiro na seleção que chegou a vencer a primeira Taça da Ásia, em 2015. Além disso, desde a mudança para a nova confederação, a Austrália classificou-se para todas as fases finais de um Mundial. Em 2010, ficou em primeiro lugar no grupo, e em 2014 ficou em segundo lugar. Pela primeira vez, uma seleção australiana garantia uma vaga para o Mundial sem precisar de ir a um playoff. Este ano, porém, a quarta presença consecutiva num Mundial foi um "dejá vu" com os "cangurus" a conseguirem o apuramento no playoff diante das Honduras.

PERCURSO RUMO AO RÚSSIA 2018

A Austrália chega à Rússia como a seleção que mais jogos fez na qualificação, 22. Iniciou ainda em 2015 a caminhada, superando a Jordânia, o Quirguistão, o Tajisquistão e o Bangladesch, terminando em primeiro lugar no grupo com sete vitórias e apenas uma derrota. Na terceira fase, inserida num grupo com Japão, Arábia Saudita, EAU, Iraque e Tailândia, ficou em terceiro lugar, atrás de Japão e Arábia Saudita (qualificados diretamente) e garantiu o direito a discutir, ainda, uma ida ao Mundial. Na 4ª fase, superou a Síria e no playoff  eliminou Honduras. Depois de um nulo fora, um hattrick de Jedinak, médio do Aston Villa, colocou os "cangurus" na Rússia. 

JOGADOR A SEGUIR: Mathew Leckie (27 anos)

Há mais vida para além de Tim Cahill, de 38 anos, o avançado que vai para o quarto mundial da carreira podendo, assim, igualar o feito de jogadores como Pelé, Uwe Seeler e Miroslav Klose. Mathew Leckie, extremo-direito do Hertha Berlim, da Alemanha, é um dos maiores talentos desta equipa australiana, e dos titulares indiscutíveis desta seleção (51 internacionalições e 6 golos) assumindo o principal protagonismo. A sua velocidade e qualidade do drible fazem dele um adversário temível para as defesas adversárias e neste Mundial ele terá oportunidade de o demonstrar.   

CONVOCADOS

Guarda-redes: Mathew Ryan (Brighton), Daniel Vukovic (Genk), Brad Jones (Feyenoord)

Defesas : Aziz Behich (Bursaspor), Milos Degenek (Yokohama Marinos), Matthew Jurman (Suwon Bluewings), James Meredith (Millwall), Josh Risdon (Western Sydney Wanderers), Trent Sainsbury (Grasshoppers)

Médios: Mile Jedinak (Aston Villa), Jackson Irvine (Hull City), Robbie Kruse (VfL Bochum), Massimo Luongo (Queens Park Rangers), Mark Milligan (Al Ahli), Aaron Mooy (Huddersfield Town), Tom Rogic (Celtic)

Avançados: Tim Cahill (Millwall), Tomi Juric (FC Lucerne), Mathew Leckie (Hertha), Daniel Arzani (Melbourne City), Andrew Nabbout (Urawa Red Diamonds), Dimitri Petratos (Newcastle Jets), Jamie MacLaren (Hibernians)

ONZE PROVÁVEL

TREINADOR: Lambertus van Marwijk (66 anos, holandês)

GRUPO C

França
Peru
Dinamarca
Austrália