Grande Futebol
Antigo treinador do Man City, e de Gary Speed, condenado por pedofilia
2018-02-19 18:30:00
Barry Bennell descobria talentos e levava-os para sua casa. Um deles foi Gary Speed, o antigo jogador que se suicidou

O futebol britânico fechou, esta segunda-feira, um dos capítulos mais negros da sua história com a condenação de Barry Bennell a 31 anos de prisão. O antigo treinador dos escalões de formação e olheiro do Manchester City foi acusado de abusar sexualmente de 12 dos seus antigos jogadores entre 1979 e 1980. Os relatos de abusos, no entanto, excederam em larga escala aqueles que serviram, em tribunal, para incriminar um dos maiores “monstros” do futebol inglês. O antigo selecionador do País de Gales, Gary Speed, que se suicidou em 2011, foi um dos jovens que frequentou a casa do pedófilo.

Barry Bennell, de 61 anos, já havia cumprido duas penas de prisão por ofensas sexuais a menores. Em 1994 foi condenado a dois anos de prisão nos Estados Unidos da América por ofensas a menores enquanto em digressão com o clube britânico Stone Dominoes. Já no Reino Unido, em 1998, Bennell admitiu 25 acusações de abusos a seis jovens e foi condenado a nove anos de encarceramento. A sua ligação ao Manchester City teve início em 1978 e segundo alguns relatos revelados em tribunal, alguns dos responsáveis do clube estavam avisados do perigo que representava permitir que Bennell tivesse acesso aos jovens jogadores.

Foi durante o seu tempo no Manchester City que Barry Bennell se cruzou com Gary Speed. O internacional galês que representou clubes como o Leeds United e Newcastle enquanto jogador e que chegou a selecionador do País Gales e que acabaria por se suicidar em 2011. Em 2016, em declarações reproduzidas pelo “Mirror”, o pai de Gary Speed confirmou que o filho chegou a frequentar a casa de Barry Bennell, sem, no entanto, confirmar que Speed tivesse sido vítima de abusos sexuais.

A casa que Speed frequentou é central neste caso. Segundo os relatos de quem por lá passou, eram frequentes as visitas, de jovens jogadores, à casa de Bennell. Descrita como um “paraíso para as crianças”, a moradia de Barry Bennell era como um salão de jogos, com várias máquinas de jogos e uma enorme sala de cinema. Bennell era, aliás, visto como uma figura respeitada pelos pais das jovens vítimas que pensavam no pedófilo como uma porta para um futuro promissor dos seus filhos que ambicionavam ser jogadores de futebol.

Durante todo o processo várias foram as vozes que se insurgiram com os clubes por onde passou Barry Bennell, entre eles o Manchester City. Em alguns casos foram relembradas queixas apresentadas contra Bennell a responsáveis do Manchester City que não tomaram as devidas medidas que poderiam ter evitado o aumentar do rol de vítimas às mãos deste predador.

Em comunicado, o Manchester City ofereceu “simpatia a todas as vítimas pelos traumas vividos. Ninguém jamais poderá apagar o sofrimento causado pelos abusos sexuais de que foram vítimas”. O clube de Manchester anunciou também que, de uma investigação interna iniciada há 15 meses, resultou a identificação de outro potencial pedófilo, entretanto já falecido, de nome John Broome.