Grande Futebol
Andrea Agnelli, o novo "boss" de Cristiano Ronaldo
2018-07-16 18:30:00
O presidente da Juventus faz parte de uma família, comparada à dos Kennedy, que é dona do clube de Turim

Andrea Agnelli, o presidente da Juventus, viajou de jato privado para reunir com Cristiano Ronaldo na Grécia e definir os contornos do "golpe do século". Estava dado o sinal mediático de que o negócio estava por dias. Esta segunda-feira, o líder da Juve deixou os holofotes para CR7 mas o internacional português não se esqueceu dele na hora de agradecer a transferência para o clube de Turim. Mas afinal quem é o novo chefe de Ronaldo nos próximos quatro anos, que não satisfeito com o conforto de sete campeonatos conquistados consecutivamente atira mais longe e aponta ao sonho desejado da Juve, a conquista da Liga dos Campeões, e de uma transformação de mentalidades no campeonato italiano e internacional.

Andrea assumiu a presidência da Juventus depois do pior momento da história da Juventus. Em 2006, rebentou o escândalo de corrupção que envolvia o clube de Turim num esquema de suborno a árbitros e jogadores adversários. A Juventus foi despromovida para a segunda divisão e perdeu os títulos de campeão conquistados em 2005 e 2006, com o treinador Fabio Capello. O então presidente, Luciano Moggi, foi destituído e Andrea Agnelli surgiu em cena para devolver a glória à Juventus.

Andrea Agnelli fez regressar a Juventus à Serie A, conquistou sete títulos italianos consecutivos, marcou presença em duas finais europeias em três anos, ainda que perdidas, e ainda foi o responsável pela construção do Juventus Stadium, conhecido por Allianz Stadium por motivos comerciais. O clube de Turim é o único emblema italiano que possui o próprio estádio.

Andrea Agnelli, para além de presidente da Juventus desde 2010, é também presidente da Associação Europeia de Clubes (ECA) onde tem apresentado ideias desafiadoras. Em entrevista ao "The Guardian", Agnelli argumentou que a elite europeia deve jogar menos jogos nas ligas nacionais, apontando mesmo a uma redução de clubes nos respetivos campeonatos. "Queremos mais jogos internacionais e menos nacionais, combinados com uma redução geral dos jogos". Agnelli sugeriu mesmo que se mantenham 32 clubes qualificados para a Liga dos Campeões, mas que haja quatro grupos de oito equipes na fase de abertura, em vez de oito. Isso significaria que cada clube jogaria pelo menos 14 jogos, oito a mais que os seis atuais"

Andrea Agnelli faz parte de uma família, cuja dinastia é comparada aos Kennedy, que tem uma fortuna avaliada em 11.500 milhões de euros e que não está apenas investida no setor automóvel, em que são donos da FIAT e da Ferrari (a família detém 23% da marca do cavalinho). Em agosto de 2015, adquiriram 50% da revista The Economist à britânica Pearson, por 655 milhões de euros. Antes disso, já possuíam o controlo do principal jornal de Turim, o La Stampa, e já tinham assumido o papel de principal investidor da editora do Corriere della Sera, o jornal com maior circulação em Itália. Uma das famílias mais importantes e influentes de Itália, tanto a nível impresarial como no jet-set.

O presidente do grupo FCA (Fiat Chrysler Automobiles) é John Elkann, o atual líder dos destinos da família Agnelli. O envolvimento financeiro do grupo FCA foi crucial na estratégia de contratar Ronaldo para não ser apanhado nas malhas do fair-play financeiro imposto pela UEFA, segundo a a imprensa italiana dá conta. Embora segundo o "Sport", a Juventusnunca tenha corrido o risco na contratação de Ronaldo. A publicação refere que os números podem parecer excessivos (fala-se de um negócio que rondou um total de 400 milhões de euros), mas explica que só em bilheteira a Vecchia Signora, finalista vencida da Liga dos Campeões, recebeu mais de 78 milhões de euros. Já em 2016/2017, a Juventus foi a equipa que mais lucrou na Champions, somando mais de 109 milhões de euros. Contas feitas só em ingressos a formação italiana conseguiu quase 200 milhões de euros em duas temporadas. Valores que permitem à Juventus assegurar Ronaldo sem pressão do fair play finaneiro da UEFA, segundo o "Sport".

Desde que os Agnelli são donos do clube de Turim, por lá passaram quatro presidentes da própria família: Edoardo, entre 1923 e 1925, Gianni, entre 1947 e 1954, Umberto, pai do atual presidente, entre 1955 e 1962, e agora Andrea, desde 2010. Foi Andrea Agnelli quem, esta terça-feira, embarcou num jato privado, a partir do aeroporto de Pisa, rumo ao sul da Grécia, para se reunir com Cristiano Ronaldo. E selar o "o golpe do século".