Grande Futebol
Alterações às leis irão tornar o futebol mais justo e célere, diz Duarte Gomes
2019-03-05 19:30:00
Comentador explicou as vantagens para os árbitros

O antigo árbitro internacional Duarte Gomes considerou hoje que as alterações às leis de jogo previstas para 2019/20, aprovadas pelo Internacional Board (IFAB), irão tornar o jogo mais justo, uniforme, célere e com menor espaço para artimanhas.

Duarte Gomes, após uma breve leitura às decisões tomadas em sede da IFAB, com o objetivo de tornar o futebol mais justo e atrativo, destacou, como uma das medidas mais importantes, a anulação de golo obtido, ou precedido, com braço ou mão, mesmo que de forma involuntária, como é o caso dos ressaltos.

“As mãos são as grandes dores de cabeça dos árbitros, por ter que se medir se são deliberadas ou não. É tudo muito complicado e subjetivo”, disse à agência Lusa Duarte Gomes, considerando que a decisão do IFAB – apenas aplicada em situação de ataque - irá tornar a decisão mais “factual e objetiva”.

Embora reconhecendo que a nova medida poderá ser controversa, Duarte Gomes explicou que o que a FIFA pretendeu foi acabar com os golos com a mão ou o braço, mesmo que de forma involuntária ou acidental, por ressalto no avançado, em situações que até pode ter os braços juntos ou corpo, estar de costas ou a proteger a cara.

“Sempre que houver um braço ou mão de um avançado que resulte diretamente em golo ou de jogada que leve ao golo o golo é anulado pela existência desse braço ou mão ainda que de forma fortuita”, explicou Duarte Gomes, recordando que presentemente esta é a exceção ao gesto ou movimento deliberado.

Por exemplo, se um defesa rematar a bola contra o braço ou mão encostado ao corpo de um adversário em situação de ataque, ou ressaltar, e daí resultar golo, direta ou indiretamente, este – ao contrário do que até agora acontece – será anulado e marcado um pontapé livre por falta atacante.

Outra das mexidas aprovadas pelo organismo que tutela as leis de jogo prende-se com a saída dos jogadores do retângulo de jogo durante a substituição, que passa a ser feita pela linha mais próxima e não pela do meio-campo junto ao quarto árbitro.

“Esta medida visa perder o menos tempo possível e contrariar a estratégia usada por algumas equipas para queimar tempo, em que o jogador sai a passo, provocando alguns atritos e empurrões com os adversários, e que às vezes leva à amostragem de cartão”, disse Duarte Gomes, considerando esta “medida objetiva e interessante para o jogo”.

Os ‘bancos’ das equipas – nomeadamente treinadores, adjuntos, delegados e corpo médico - vão passar a ser punidos disciplinarmente como são os jogadores, com cartão amarelo e vermelho, consoante a gravidade dos seus gestos, e esta medida, de acordo com Duarte Gomes, “é importante para o jogo e para os árbitros”.

“Treinador, adjuntos, delegados e médicos vão passar a ter um castigo visível para toda a gente, no estádio e nas transmissões televisivas, e deixa de haver dúvidas, se é admoestação, expulsão ou para quem é”, explicou Duarte Gomes, considerando esta medida, tal como as anteriores, benéfica para o trabalho do árbitro.

O International Board aprovou ainda a alteração à reposição da bola em jogo, ou livre, por parte do guarda-redes, em que basta que a bola seja movimentada para já estar em jogo sem necessitar de ultrapassar, como até agora, a linha da grande área.

“Esta é uma boa decisão, que irá contribuir diretamente para a melhoria do jogo, uma vez que algumas equipas recorriam à artimanha de forçar a repetição da reposição, queimando tempo, por a bola não ter ultrapassado a linha da grande área”, explicou.

Uma das medidas a clarificar pelo IFAB prende-se com o ressalto da bola no árbitro, que é tido como um elemento neutro do jogo, nos casos em que a trajetória pode desvirtuar o lance e resultar, por exemplo, numa assistência involuntária para golo. Quando tal acontecer, o árbitro deve interromper o jogo.

As alterações às leis de jogo para 2019/20 ainda não foram publicadas, mas, de acordo com Duarte Gomes, já circulam algumas interpretações incorretas, como a alegada proibição da recarga aos pontapés de grande penalidade, em caso de defesa do guarda-redes ou ressalto na barra/postes da baliza.

“Não passa de uma situação que estava em estudo e que ainda não foi confirmada”, referiu Duarte Gomes, acrescentando que a única alteração prevista para o momento do penálti é o guarda-redes só ser obrigado a ter um pé (e não os dois) sobre a linha de baliza no momento da sua marcação.

Duarte Gomes acredita que estas alterações vão tornar o jogo mais célere, objetivo e uniforme, no que toca a aplicação das suas leis, e irão facilitar o trabalho dos árbitros.