Grande Futebol
A Itália trocou o cinismo pela magia mas falta-lhe "il bomber"
2018-11-18 12:00:00
Imprensa italiana unânime em reconhecer que a "squadra azzurra" está no bom caminho mas aponta a falta de um finalizador

Os papéis inverteram-se. O cinismo italiano já não é o mesmo. A Itália reconstrói-se depois de uma ausência traumática, e histórica, no último Mundial da Rússia. O nulo frente a Portugal ontem no Giuseppe Meazza confirmou o crescimento da equipa de Roberto Mancini mas falta golo a esta "bela squadra azzurra", sentencia a imprensa italiana deste domingo. "O campeão europeu foi dominado durante uma hora, a Itália fez um grande jogo mas falta um 'bombardeiro' no ataque", pode ler-se no Tuttosport.

Para a Gazeta Sportiva, a Itália confirmou estar no bom caminho mas a indefinição na zona de finalização preocupa. "A geometria de Jorginho e o génio de Veratti não tem acompanhamento, e conclusão, na frente do ataque", constata aquela publicação, que destaca a grande defesa de Donnarumma ao remate de William Carvalho. Também para o Corriere dello Sport, a seleção de Mancini está no bom caminho. "O caminho é este. Ainda não está bem polido, mas depois da Ucrânia e da Polónia, este é o terceiro jogo em que os Blues e o seu treinador merecem aplausos. A Itália podia ter feito melhor, claro, poderia ter vencido, mas agora a seleção tem uma ideia clara de jogo. Precisa de encontrar um finalizador".

A Gazzeta Sportiva faz referência ao facto de a Squadra Azzurra ter aprenas sete golos marcados em oito jogos sob a gestão de Mancini que ainda não venceu um jogo em casa, em quatro tentativas. O último triunfo da Itália intramuros remonta a 5 de setembrto de 2017 frente a Israel. "Os números são ruins, mas depois de ontem à noite é melhor ver o copo meio cheio. Saborear a qualidade, mais do que reclamar do resultado. O bom vinho deve ser servido em noites especiais e a Itália tem um grande desejo de se sentar no banquete dos grandes. Talvez com Mancini à cabeceira da mesa para brindar".

Destacando também o "inspirado" Veratti como o melhor italiano em campo, o Corriere dello Sport alinha na mesma ideia: muito bom jogo da Itália mas pouco ou quase nenhuma capacidade de finalização. "Por uma hora, a Itália não parecia uma seleção nacional, mas uma grande equipe da Liga dos Campeões, a recuperar a bola em zonas altas. O problema é que na primeira parte teve quatro oportunidades e não conseguiu fazer nenhum golo, no segundo tempo mais duas e idem", escreve aquela publicação que elogia o trio do meio-campo. "Esta é uma Itália que se diverte, que adora ter a bola nos pés. Não precisa do físico para se impor. Temos o meio-campo mais baixo da Europa, com Insigne, Verratti e Jorginho, artistas pequenos de primeiro toque".

Quem diria que 25 anos depois de a Itália cínica ter derrotado Portugal por 1-0, afastando a Seleção Nacional do Mundial de 1994, no regresso a San Siro os papéis inverteram-se e foi Portugal a fazer da boa e velha Itália e sair feliz do Estádio Giuseppe Meazza.