Grande Futebol
375 mil euros para aplaudir adeptos. PSG diz que faz parte do código de ética
2018-11-09 18:30:00
O Paris Saint-Germain já reagiu e disse que faz parte de um bónus de comportamento

Estalou o verniz em Paris. O programa "Envoyé Spécial" (Enviado Especial) do canal televisivo France 2 revelou que Neymar recebe 375 mil euros para cumprimentar os adeptos no final das partidas e para não criticar, publicamente, as decisões de Thomas Tuchel, o treinador do Paris Saint-Germain.

Mas as revelações embaraçosas para o PSG não se ficam pelo dinheiro pago aos jogadores da equipa principal para cumprimentarem os adeptos. O site "Mediapart" revelou alguns detalhes sobre a forma racialmente discriminatória como o clube de Paris recrutava jovens jogadores franceses.

Vamos por partes.

Foi uma semana complicada para o Paris Saint-Germain. Para além do empate frente ao SSC Nápoles, que pode complicar as contas para o apuramento para a próxima fase da Liga dos Campeões, os parisienses viram revelados alguns dados pouco abonatórios para o clube.

Ora, de acordo com a investigação do "Envoyé Spécial", Neymar recebe, anualmente, 375 mil euros como bónus de comportamento. Para receber o prémio na totalidade, o craque brasileiro, que custou 222 milhões de euros aos cofres do PSG e que aufere 30 milhões, por ano, em salários, tem de cumprimentar o público e não criticar publicamente as decisões do treinador.

A mesma investigação revelou ainda que Kylian Mbappé recebe anualmente 117 mil euros para cumprir os tais regulamentos comportamentais: cumprimentar os adeptos e não falar das escolhas do treinador, Thomas Tuchel. Daniel Alves, Ángel Di María e Edinson Cavani encaixam 70 mil euros e Thiago Silva 33 mil.

O Paris Saint-Germain já reagiu à investigação e às informações reveladas pelo Football Leaks e disse que a coisa não é bem assim. O atual campeão francês esclareceu que os prémios referem-se ao cumprimento do código de ética interno, o que inclui mais aspetos: pontualidade, respeitar os meios de comunicação e não apostar em competições em que o clube está inserido.

Ainda de acordo com a investigação tornada pública pelo "Envoyé Spécial", Neymar terá de responder positivamente a todos os pedidos de entrevista do grupo Al-Jazeera, do Catar. Foi revelado ainda que Edinson Cavani não se pode atrasar mais de 15 minutos em mais de cinco por cento dos treinos do Paris Saint-Germain.

 

Discriminação racial com jovens jogadores

Mas os embaraços para o Paris Saint-Germain não ficam por aqui. No início da semana, o Football Leaks revelou alguns documentos que demonstram a forma racialmente discriminatória com que o PSG recrutava jovens jogadores entre 2013 e 2018. O caso foi, mais uma vez, trazido a lume pelo site "Mediapart".

O documento revela que o Paris Saint-Germain pedia aos olheiros que informassem, nos relatórios, sobre a origem dos jogadores de acordo com quatro classificações: "francês (branco), "do norte de África", "das Antilhas" e "africano".

De acordo com o "Mediapart", o jovem Yann Gboho - do Stade Rennes -, nascido na Costa do Marfim, não foi recrutado pelo Paris Saint-Germain, em 2014, devido à sua origem étnica.

O responsável pelo scouting do PSG em todos o país, exceto ba região de Île-de-France, era Marc Westerloppe e admitiu que havia uma orientação do clube para "equilibrar a diversidade", uma vez que já havia "muitos jogadores de origem das Antilhas e africanos", cita o site brasileiro "Globoesporte".

O Paris Saint-Germain confirmou que, de facto, existiram tais formulários entre 2013 e 2018, mas defende-se alegando que os mesmos foram da iniciativa individual do responsável pelo departamento de recrutamento e que tal prática "não corresponde aos valores do clube".

O campeão francês revelou ainda que já iniciou uma investigação interna para apurar responsabilidades e ter a certeza de que tais práticas não se repitam. O PSG informou que recrutamento de jovens talentos são decididos unicamente em função das competências e do comportamento dos jogadores.