Fora da Bancada
Ana Gomes insta Portugal a adotar leis europeias no meio “de furacão”
2020-02-12 12:40:00
Ex-eurodeputada quer ver em vigor legislação para combate ao branqueamento de capitais

A ex-eurodeputada do PS Ana Gomes instou hoje Portugal a adotar rapidamente as mais recentes leis europeias para combate ao branqueamento de capitais, numa altura que o país enfrenta “um furacão” que são os ‘Luanda Leaks’.

A Comissão Europeia instou hoje Portugal e sete outros Estados-membros a transporem efetivamente a legislação europeia em matéria de combate ao branqueamento de capitais, apontando que “os recentes escândalos” tornam evidente a necessidade de regras rigorosas.

Reagindo a esta notícia, Ana Gomes disse esperar que “Portugal não demore muito a concretizar a transposição da quinta diretiva contra o branqueamento de capitais e o financiamento do terrorismo, ainda por cima está no meio deste furacão abertos pelo escândalo dos ‘Luanda Leaks’”.

Falando aos jornalistas portugueses à margem da sessão plenária do Parlamento Europeu, na cidade francesa de Estrasburgo, onde se deslocou para uma conferência sobre migrações na universidade local, a antiga eurodeputada do PS vincou que “Portugal está numa posição extremamente vulnerável” no que toca ao branqueamento de capitais.

Para a ativista, “o caso dos Luanda Leaks é mais uma demonstração, como já era o Football Leaks, da total vulnerabilidade do nosso país”.

“E espero que [a diretiva] seja bem transposta porque muitas vezes a transposição em Portugal tem 'água no bico' em algumas formulações que são feitas por escritórios de advogados que trabalham para o Estado e que não estão necessariamente a servir interesse público, mas os interesses de certos grupos privados”, apontou Ana Gomes.

Para a ex-eurodeputada socialista, “Portugal está a falhar há muito tempo porque tem havido total cumplicidade, a todos níveis, e nalguns casos é até captura, para cobrir, encobrir e deixar fazer”.

“Felizmente hoje as atitudes angolanas mudaram e há uma atividade da Procuradoria-Geral angolana. A nossa Procuradoria está a reagir aos pedidos angolanos e ainda ontem [terça-feira] foi desencadeado o congelamento de contas”, acrescentou.