Portugal
"Como é possível virem a nossa casa fazer isto?", perguntou Bas Dost
2019-12-12 11:40:00
Virgílio Abreu ouvido na 12.ª sessão do julgamento do processo do Ataque à Academia

O médico Virgílio Abreu, que integrava a equipa clínica do Sporting à data da invasão da Academia, disse hoje em tribunal ter visto Frederico Varandas a desviar-se de uma tocha, que acabou por atingir Mário Monteiro.

“O Frederico estava quase à minha frente e vejo passar a tocha que acaba por passar de raspão no Mário Monteiro [preparador físico]”, disse o médico 11.ª na sessão do julgamento da invasão à academia ‘leonina’, tornando-se na primeira testemunha a referir a presença do atual presidente do clube, à data chefe do departamento médico.

Virgílio Abreu disse ter participado numa reunião na véspera, com o então presidente Bruno de Carvalho, na qual foi dito que “quem não estivesse com aquela direção que dissesse”.

O médico classificou a reunião como “atípica” e admitiu ter dito a Frederico Varandas que cancelasse as consultas do dia seguinte para estar no treino, explicando que o diretor clínico “nem sempre estava presente no treino”.

“Frederico, há aqui qualquer coisa que não joga bem, se fosse eu a ti, desmarcava o que tinha para amanhã e vinha ao treino. Parece-me que é melhor estares presente”, contou.

Virgílio Abreu, que já não está ligado ao Sporting, explicou como socorreu o avançado holandês Bas Dost, que não viu a ser ferido.

“Fui buscar Bas Dost ao balneário, vi que estava ferido, e levei-o para a sala de pequenas cirurgias”, disse, acrescentando: “Ele estava magoado fisicamente, mas também muito magoado psicologicamente e dizia: ‘Como é possível virem a nossa casa e fazerem isto?’”.

Virgílio Abreu admitiu não saber quem captou as fotografias que mostram os ferimentos a Bas Dost, garantindo apenas que “não foi Frederico Varandas” e “que havia várias pessoas na sala”.

O médico foi a única testemunha ouvida durante a manhã na 12.ª sessão do julgamento da invasão à academia ‘leonina’, em 15 de maio de 2018, que decorre no Tribunal de Monsanto, em Lisboa, com 44 arguidos, incluindo o antigo presidente do clube Bruno de Carvalho.

O julgamento prossegue à tarde com as inquirições do futebolista Daniel Podence, via Skype, e Ricardo Vaz.