Grande Futebol
Um inglês a conquistar a Suécia e a Europa
2017-11-12 15:55:00
Na Escandinávia, um treinador britânico é o líder de uma equipa que está a surpreender tudo e todos

O Ostersunds FK deu-se a conhecer ao mundo em julho passado, quando eliminou o Galatasaray na segunda eliminatória da qualificação para a fase de grupos da Liga Europa. Os suecos, ainda assim, têm muito mais feitos para contar nos últimos anos, e na linha da frente está Graham Potter (na foto), o treinador da equipa. 

A história de Graham Potter no Ostersunds FK é notável. Depois de ter sido jogador, tendo atuado de forma discreta em clubes como Stoke City, Southampton FC ou West Bromwich & Albion, o técnico inglês de 42 anos assumiu o comando da equipa nórdica e, em poucos anos, levou o grupo da quarta divisão à primeira Liga Sueca em poucos anos. Mais: venceu a Taça da Suécia em abril passado, o que permitiu a qualificação para as pré-eliminatórias da Liga Europa. Na final, o Ostersunds FK bateu o IFK Norrkoping, campeão sueco em 2015, por 4-1.

Graças a essa conquista, o Ostersunds FK conseguiu um lugar nas eliminatórias de qualificação para a fase de grupos da Liga Europa, mas a sorte não foi amiga: à equipa sueca, calhou o Galatasaray, um dos conjuntos mais fortes em prova naquela altura. Até que aconteceu o improvável e o Ostersunds FK eliminou os leões turcos com uma vitória na Suécia e um empate em Istambul. Um momento inesquecível para Graham Potter.

"Tivemos sorte ao termos jogado com o Galatasaray cedo nas suas preparações - novo treinador e a atravessar alguma transição. Nós jogámos bem na Suécia, marcámos um golo tardio, o Jamie Hopcutt marcou um bom golo para fazer o 2-0. Depois tínhamos de ir a Istambul conseguir um resultado. No final do jogo os adeptos deles estavam obviamente furiosos com a própria equipa, mas começaram a aplaudir-nos e nós demos uma volta ao relvado. Foi um momento maravilhoso que começou a nossa jornada", contou Graham Potter em entrevista à BBC.

Depois de derrubar o Galatasaray, o Ostersunds FK 'despachou' o Fola Esch (Luxemburgo) com duas vitórias na terceira pré-eliminatória de acesso à fase de grupos da Liga Europa e, na derradeira ronda antes do sonho da fase principal da competição, o sorteio ditou que os suecos encontrassem os gregos do PAOK. A situação não estava favorável no final do primeiro jogo; o PAOK venceu, em sua casa, por 3-1, o que dificultava bastante a tarefa nórdica.

Equipa do Ostersunds FK a festejar um golo na Liga Europa (Mykola Tys/EPA)

No entanto, o Ostersunds FK fez o menos esperado: repetiu o que havia feito com o Galatasaray e venceu o PAOK por 2-0 na Suécia graças ao 'bis' de Samman Ghoddos, avançado que já havia faturado contra os turcos. Já na fase de grupos, o Ostersunds FK continuou a deixar os adeptos de futebol de queixo caído e venceu os dois primeiros desafios, empatando o seguinte e sendo derrotado no último.

A situação atual no grupo é muito favorável ao Ostersunds FK, que lidera a tabela com sete pontos em quatro jogos, seguindo-se os ucranianos do Zorya, os espanhóis do Athletic Bilbau e, por último, os alemães do Hertha Berlim. "Estamos bem no grupo até ao momento. Vencemos na Ucrânia e derrotámos o Hertha Berlim aqui. Estivemos bem contra o Athletic Bilbau. Temos um grande caminho para percorrer - mas é verdadeiramente entusiasmante", assumiu Potter.

No Ostersunds FK desde 2011, Potter não esconde que a Suécia e a cidade de Ostersund lhe ficará na memória (e no coração) para sempre. Foi lá que nasceram os seus filhos e é lá que, a nível profissional, tem atingido os maiores sucessos da carreira.

"Já aconteceu muita coisa aqui. Dois miúdos nasceram aqui, o mais velho está na escola. É um sítio que vai ter sempre um lugar especial no meu coração. É um sítio maravilhoso, um clube de futebol maravilhoso e pessoas fantásticas. Sou muito sortudo", assegurou.

Contudo, o caminho não se mostrou fácil. No início, até sugeriram que a família voltasse para Inglaterra, dada a pouca esperança que o clube motivava nos adeptos. "A minha mulher foi à enfermaria local e perguntaram-lhe: "o que está aqui a fazer [na Suécia]?" "O meu marido arranjou trabalho." "Ótimo, o que é?" "Treinador de futebol no Ostersunds FK." "Eu voltaria para casa se fosse a senhora."", revelou.

O impacto do seu trabalho na equipa e os resultados que tem conseguido fez mudar a imagem que o Ostersunds FK tem na comunidade local. Agora, o futebol é uma festa e o clube é uma bandeira de orgulho dos habitantes de Ostersund.

"Vais à cidade e vês pessoas com chapéus e cachecóis do Ostersunds FK. Vais a uma escola de futebol e vês 60 ou 70 miúdos a jogar e antes não havia nada. (...) Quando cá cheguei, a assistência recorde era de 4000 espetadores em motocross nas colinas de neve no relvado. Agora há um sentimento real com o futebol", concluiu o britânico.