Portugal
Um FC Porto afinado a trautear Olivia Newton John
2018-12-15 22:55:00
Tremendos desempenhos de Felipe e Fernando Andrade.

Vitória do FC Porto? Tudo certo. Empate? Tudo certo também. Vitória do Santa Clara? Já seria um pouco estranho, mas não seria um total escândalo desprovido de qualquer sentido. Este parágrafo permite resumir o que foi o Santa Clara-FC Porto, que terminou com triunfo portista, por 2-1, neste sábado. Foi um duelo muito interessante de ver: rápido, intenso, com espaço para transições, com lances polémicos, com luta, com alguns bons lances técnicos e com muitas oportunidades de golo de ambos os lados. Apesar disto, a vitória do FC Porto justifica-se pelo maior número de oportunidades de golo. Foi quem mais quis e quem quis melhor. Resultado justo e com sentido.

Falámos de Olivia Newton John, no título, porque a forma como o FC Porto quis derrubar este Santa Clara teve muito de físico. “Let’s get physical”, como um dia cantou a britânica. Hoje, não houve direito a malabarismos. O FC Porto aplicou um futebol mais físico do que técnico, sobretudo porque teve muitos problemas na fase de criação. O Santa Clara não abdicou de ter dois jogadores na pressão – não muito alta, mas em bloco médio-alto –  à saída de bola do FC Porto. Para além das perdas de bola na zona central, isto fez com que os defesas portistas nem sempre tivessem tempo e espaço para verticalizar e servir bem os criativos e com que Danilo tivesse de baixar para ajudar a construir. O problema é que Danilo não é um portento técnico e Óliver, hoje, pareceu pouco disposto a baixar para ajudar a criar e dar um perfume extra à criação de jogo.

Tudo isto levou a que o FC Porto procurasse um jogo mais direto, objetivo e assente na força (ao contrário das triangulações e passes curtos dos açorianos), juntando estas ideias às já habitualmente perigosas bolas paradas (é incrível que, com Telles, não há cantos a ficar no homem do primeiro poste nem balões para o segundo poste. Há bolas tensas, direcionadas para a “zona do agrião” e os cantos e livres raramente não trazem, no mínimo, uma tentativa de finalização).

Numa toada equilibrada, ainda que com ascendente portista nos primeiros 15/20 minutos, até foi o Santa Clara que começou por marcar, numa jogada em que mostrou o tal futebol apoiado. Zé Manuel finalizou bem o cruzamento de Chrien. Já perto do intervalo, Soares deu alguma justiça ao marcador, num lance em que houve luta e insistência – let’s get physical –, após um canto de Telles.

Aos 57 minutos, mais Olivia Newton John. Soares lutou no ar com Patrick – lance que valeu ação do VAR, mas Luís Godinho manteve a decisão de não assinalar falta do avançado – e rematou para uma defesa incompleta de Serginho, que já só pôde assistir à recarga de Marega. Sexto golo do maliano na Liga.

Para terminar, dois destaques individuais: tremendo jogo de Felipe e de Fernando Andrade. É estranho que os melhores de cada lado sejam jogadores que se encontram e que fazem muitos duelos individuais, mas a verdade é que Felipe conseguiu desarmar em quase todas as abordagens que tentou e Fernando foi um autêntico “animal” na forma como segurou em apoio, numas vezes, e explorou a largura e profundidade, noutras. Belo jogador que ali está.