Portugal
"Um árbitro lampião". Duarte Gomes dá testemunho contra "teorias de conspiração"
2020-04-03 12:00:00
Ex-árbitro dá o exemplo próprio para defender que é preciso "dar a cara e dormir descansado"

O tempo é de paragem nas competições mas também de reflexão na forma como se vive e sente o desporto, no geral, e o futebol, em particular.

Numa altura em que muitas das prioridades do mundo são repensadas, revistas e equacionadas, Duarte Gomes deixa um testemunho sobre a seriedade com que procurou pautar a carreira enquanto árbitro, mesmo que tivesse admitido, de forma franca, o clube da sua preferência, algo que árbitros, jornalistas e outros agentes do futebol muitas vezes tentem esconder.

O antigo árbitro e agora especialista no comentário de temas relacionados com a arbitragem defende a honestidade das mulheres e homens do apito, recordando o seu exemplo passado e a forma como o facto de ter assumido o clube pelo qual recaía a sua preferência não o condicionou.

Ao assumir que, por princípio, todas as pessoas são honestas até prova em contrário, Duarte Gomes lembra que nunca assumiu publicamente a preferência clubística até que um dia, numa palestra com jovens, foi questionado por qual clube batia o seu coração. E a partir daí, a forma como foi olhado mudou.

"O juiz lisboeta passou a ter um carimbo diferente: passou a ser um árbitro lampião", realça, lembrando que nesta questão "a maioria das pessoas prefere ser enganada".

Em relato na 'Tribuna Expresso', Duarte Gomes sublinha que "há quem lide melhor com a mentira e hipocrisia do que com a sinceridade e verdade".

Em jeito de reparo aos que "passam a vida a torcer o nariz e a inventar teorias de conspiração", Duarte Gomes que assume ser fundamental "dar a cara, dormir descansado e deixar para os outros os filmes que quiserem protagonizar, produzir e realizar".

O ex-árbitro internacional, que ao longo dos tempos tem vindo a apelar a uma reflexão na forma como se olha para o desporto em Portugal, sustenta ainda que "as pessoas sérias, que por princípio são todas, nunca permitem que as suas preferências pessoais afetem a sua ética profissional".