Portugal
Três vezes Dost na noite em que Rúben Ribeiro encontrou a equipa
2018-01-14 22:55:00
Rúben Ribeiro e o Sporting ainda não se conhecem bem, mas o reforço leonino foi à procura. E encontrou Bas Dost.

O segundo hat-trick consecutivo de Bas Dost em jogos de campeonato deu ao Sporting uma vitória por 3-0 sobre o CD Aves e a liderança na Liga, ainda que à espera que o FC Porto faça o seu jogo relativo à 18ª jornada, amanhã, no Estoril. A estreia de Rúben Ribeiro, reforço recente, trouxe à equipa qualidade, mesmo que à custa da perda de algumas rotinas coletivas: o atacante chegado na quinta-feira do Rio Ave pareceu andar à procura daquilo que a equipa esperava dele em termos de movimentação mas, num lance de cariz individual, foi ele capaz de encontrar Bas Dost para o golo que desbloqueou um jogo que estava a pôr-se complicado.

Jorge Jesus surpreendeu ao apostar em Rúben Ribeiro de início, na posição que nos jogos em casa costuma ser de Podence, atrás de Bas Dost. O desconhecimento que o reforço revelava das movimentações coletivas era absolutamente natural. Não só não se viam as trocas posicionais feitas de olhos fechados que Podence costuma fazer com Gelson, como Bruno Fernandes parecia ver o seu futebol emperrar ali, por falta de combinações à sua frente. Por outro lado, a boa organização defensiva do CD Aves e as bolas que a equipa hoje dirigida pelo Professor Neca ia sendo capaz de recuperar permitiam aos forasteiros lançar as “motas” que tinham na frente: tanto Agra, na direita, como Amilton, na esquerda, eram céleres a responder à capacidade que Guedes ia tendo para desmultiplicar o jogo direto que lhe aparecia e faziam chegar o perigo à baliza de Rui Patrício.

Com a falta de ligação coletiva a inibir o Sporting de jogar dentro do bloco avense, as primeiras situações de perigo surgiram na baliza norte, onde estava Rui Patrício. Tanto Amilton, aos 12’, como Agra, aos 18’ tiveram bola nos pés face ao guardião leonino, que impôs a sua qualidade no um para um. Bas Dost, de cabeça, ameaçou aos 24’ o que acabaria por conseguir aos 31’. Se no primeiro lance, após cruzamento de Piccini, cabeceou ao lado, no segundo fez mesmo o golo que abriu o marcador. Nota para o excelente trabalho de Rúben Ribeiro. Jesus confessou no fim que lhe tinha dito que não se preocupasse com as movimentações da equipa, para fazer o que fazia no Rio Ave e ele assim fez: já dentro da área, driblou Gonçalo Santos para um lado, depois para o outro, levantou a cabeça e colocou a bola à frente da testa de Dost, que fez o golo. A aposta de Jesus começava a render.

O CD Aves não se entregou de imediato. Aos 42’, Amilton ainda acertou, de cabeça, na barra, aparecendo à frente de Coates para dar seguimento a um cruzamento de Agra. Mas a entrada forte do Sporting na segunda parte acabou por arrumar a questão. O CD Aves trocou Guedes por Arango, confiante na velocidade do herói de quarta-feira, mas nunca mais conseguiu chegar com a mesma qualidade à frente, fosse porque lhe faltava o desmultiplicador – as saídas de bola iam sempre para Guedes – ou porque os leões apareceram conscientes de que, em vantagem, teriam de mudar. Gelson já tinha tido uma boa oportunidade de visar as redes de Quim (aos 50’), quando foi derrubado na área por Vítor Gomes. O penálti e o 2-0, por Bas Dost, abriram uma nova fase do jogo, com o Sporting a controlar os ritmos – se o que o CD Aves queria era surpreender em contra-ataque, isso ficava muito mais difícil.

O jogo ficou, então, muito mais mole. O Sporting não se desposicionava e o CD Aves, assim, não conseguia entrar no bloco adversário. Rui Patrício teve uma segunda parte muito mais tranquila, apenas a ver ao longe as finalizações dos companheiros e o belo desenho coletivo no lance do 3-0, já a partida estava a entrar na compensação: Podence fixou e esticou na profundidade Piccini, que cruzou rasteiro para o hat-trick de Bas Dost. O resultado acaba por dar a ideia de um jogo mais desequilibrado do que ele foi na realidade, mas premeia a qualidade dos homens que o Sporting tem nas duas áreas. Rui Patrício foi decisivo numa noite em que os seus centrais nem estiveram ao nível habitual e Dost fez os golos que ele sempre garante.