Portugal
"Santa paciência". Cajuda "confuso" com os "adiantados mentais" do futebol
2020-04-03 10:30:00
"A economia somos nós e não os que ficam em casa a ver os jogos na televisão"

Manuel Cajuda, um dos históricos treinadores da I Liga, orienta agora o Leixões, da II Liga, e decidiu partilhar um desabafo nas redes sociais a respeito da ideia dos "adiantados mentais" que querem retomar os campeonatos numa altura em que as autoridades de saúde ainda não definiram datas para um regresso do mundo a uma dita normalidade na sequência da Covid-19.

"Confesso que estou cada vez mais confuso", começou por destacar o treinador, dizendo que "não" é o "dono da razão" e até pode estar "loucamente errado".

"Mas, por favor, pensem lá com a cabeça e não com os pés sobre o futebol que poderemos fazer com a realidade que vivemos agora", apelou, sublinhando que não percebe como é que a UEFA dá um prazo às federações para enviarem a lista de equipas inscritas para as provas europeias, dando por terminados os campeonatos no início de agosto.

"Se ninguém vai para lado algum sem saber onde está, como podem estes 'adiantados mentais' decidir o fim de algo sem saber quando começam (neste caso recomeçar)? Santa paciência", escreve Cajuda, técnico que espera que se possa recomeçar e terminar a época em campo mas garantindo as condições de segurança.

"A economia somos nós (os que fazemos o trabalho) e não os que ficam em casa a ver os jogos na televisão", defendeu o técnico, mostrando-se contra a realização de partidas à porta fechada.

"Por favor, não façam mais mal ao futebol. Como se pode jogar bem, sem ter a melhor equipa que é o público? Se é possível jogar 10 jogos de três em três dias? Não é o ideal nem o que fisiologicamente é aconselhável, mas sim é possível", sustenta o ex-treinador de equipas como SC Braga e Vitória de Guimarães.

Manuel Cajuda deixa ainda algumas ideias que deveriam ser tomadas de forma excecional como, por exemplo, a possibilidade de "aumentar o número de substituições de três para cinco mais o guarda-redes".

"Seria muito mais fácil para nós treinadores gerir o desgaste e manter uma intensidade que já de si é deficiente do nosso futebol", explica Cajuda, deixando outra ideia.

"Que todos os jogos fossem depois das 18 horas face ao calor que junho e julho nos oferecem. Nem vale a pena recordar que o calor é um dos fatores mais devastadores da resistência fisíca", assinala o técnico dos matosinhenses, certo de que esta medida "permitiria ainda também fazer as viagens dos jogos no próprio dia evitando deslocações de véspera".

Nesta altura, o cenário mais provável é que os encontros se realizem à porta fechada, diretiva defendida por Pedro Proença na passada segunda-feira.