Diogo Santos, diretor clínico do Boavista, afirmou que as mudanças para travar a pandemia de covid-19 trouxeram dificuldades e, ao mesmo tempo, se apresentam como um "desafio" que vai dar gosto superar.
Em declarações citadas pelo site da Liga, o médico axadrezado começou por realçar a forma como o futebol reagiu a uma situação totalmente inesperada, nomeadamente com os jogadores a passarem a treinar em casa.
"Não é um trabalho fácil, porque isto é uma novidade para todos nós. Ninguém está habituado a ter os jogadores a trabalhar à distância, porque futebol é um trabalho de equipa. Ter cada um em sua casa, com alguns dos recursos que temos no clube, mas não todos, é sempre um desafio. Quer da parte do departamento médico, quer da parte da equipa técnica, há um acompanhamento diário dos atletas e uma programação de exercícios para eles poderem fazer em casa, de forma a tentarmos mitigar um pouco esta paragem, vigiando ainda eventuais sintomas para ter a certeza de que não somos apanhados desprevenidos", sustentou.
O médico salientou que era imprevisível que "o vírus tomasse estas proporções", embora os primeiros casos na Europa tenham servido de alerta, permitindo agilizar as respostas.
"Fomos entrando em contacto com os especialistas na área, para percebermos melhor as implicações que isto podia ter e, a partir daí, fomos informando os nossos atletas desta possibilidade. Mesmo antes da paragem das competições, os nossos atletas e toda a gente que envolve o clube já tinham medidas de prevenção acrescidas. Depois, confirmando-se a pandemia, esses cuidados tiveram de ser aumentados, até à paragem que acabou mesmo por acontecer", recordou.
O novo coronavírus provoca sintomas muito ligeiros em "80 por cento" dos infetados, que só precisam de "canjinha e chá com limão": o problema está nos "muitos casos graves", que requerem "cuidados médicos altamente especializados", explicou o diretor clínico do Boavista.
"Os cuidados a ter passam por tudo o que tem sido recomendado pela Direção-Geral de Saúde e, felizmente, tem sido veiculado pelos órgãos de comunicação social. O isolamento social é extremamente importante para quebrar cadeias de contágio, também a lavagem de mãos regular é fundamental, e se tivermos esses cuidados reduzimos muito a probabilidade de termos uma doença grave ou de contaminarmos aqueles de quem mais gostamos", destacou.
Diogo Santos evita fazer previsões, insistindo na necessidade de se travar o contágio.
"O que nós recomendamos é que as pessoas saiam o mínimo possível de casa, de forma a que o número de infetados com uma patologia grave ao mesmo tempo, seja o menor possível e o Sistema Nacional de Saúde possa cuidar de todos aqueles que precisam de cuidados hospitalares mais exigentes. Se todos nós fizermos isso, provavelmente o crescimento não será tão alto como era inicialmente expectável e poderemos prolongar a incidência desta patologia durante mais tempo, de forma a podermos ter menos pessoas a necessitar de cuidados hospitalares especializados ao mesmo tempo", reiterou.
Ainda assim, ficou a previsão de que "vai demorar ainda bastante tempo" até se voltar à normalidade.
"Acredito que o futebol, tal como deu o exemplo ao fechar portas numa fase precoce da doença, também poderá dar o exemplo quando for altura de retomar a normalidade", finalizou.