Prolongamento
"Não nos devemos deixar arrastar por causas". Magistrado e a prisão de Rui Pinto
2020-02-24 15:55:00
"Não está preso por ter divulgado factos criminosos no Luanda Leaks e Football leaks"

Adão Carvalho, secretário-geral do Sindicato dos Magistrados do Ministério Público, aborda os pedidos públicos através de manifestações, por exemplo, que têm sido feitos para que Rui Pinto seja colocado em liberdade. Este magistrado diz que "não nos devemos deixar arrastar por causas de que não conhecemos os verdadeiros contornos".

Socorrendo-se de um provérbio popular que dá conta de que 'um crime não justifica o outro', este magistrado sublinha que "o erro de outrem não te torna menos responsável pelos teus próprios erros."

Serve isto para abordar a prisão preventiva de Rui Pinto, que espera julgamento sem liberdade, apesar de já terem dado entrada nos tribunais vários pedidos para a libertação do informático mas todos eles recusados.

Num artigo de opinião que assina nas páginas da revista 'Visão' intitulado de "libertem o hacker", Adão Carvalho lembra que Rui Pinto "não está preso preventivamente por ter divulgado factos criminosos praticados por terceiros, como os 'Luanda leaks' ou os 'Football leaks'".

O magistrado recorda que o pirata informático está detido "por crimes que o mesmo praticou e que se traduziram no acesso ilegítimo a sistemas informáticos de várias empresas, particulares e entidades públicas".

Através deles, lembra Adão Carvalho, terá conseguido o "recebimento de recompensa económica ou usando a informação obtida para a prática do crime de extorsão."

De acordo com os dados que tem, este magistrado lembra que o cibercrime tem vindo "a aumentar, sendo praticado quer por organizações criminosas, quer por criminosos a título individual, que procuram novas oportunidades de obtenção de lucros e de outras vantagens".

Adão Carvalho deixa claro que "o crime de acesso ilegítimo é, pois, um crime grave, com uma elevada danosidade social."

Apesar de estar em prisão preventiva, Rui Pinto está disponível para trabalhar com as autoridades nacional.

Recentemente, algumas centenas de pessoas juntaram-se, no Porto, para pedir que Rui Pinto seja libertado, ele que está em prisão preventiva desde 22 de março de 2019.

Rui Pinto vai responder em tribunal por 90 crimes, nomeadamente seis crimes de acesso ilegítimo, 68 de acesso indevido, 14 de violação de correspondência, um de sabotagem informática e um de tentativa de extorsão.