Portugal
FC Porto é o único que nunca desperdiçou uma vantagem destas na segunda volta
2018-02-22 16:10:00
Em 2011/12, Maicon (na foto, abraçado a James) foi essencial na recuperação dos dragões

O FC Porto é o único clube que nunca desperdiçou uma vantagem de três (antes de se atribuir três pontos por vitória) ou cinco pontos no decorrer da segunda volta do campeonato para os outros dois grandes. Das quatro vezes em que isso aconteceu, três delas foram com o Benfica e uma foi com o Sporting quando as duas equipas de Lisboa estavam bem posicionadas para vencer a competição mas acabaram surpreendidas por um dos rivais.

Com cinco pontos de vantagem sobre os dois rivais, o FC Porto está claramente destacado no topo da tabela classificativa do campeonato. Os dragões somam 61 pontos, enquanto as águias e os leões estão empatados no segundo lugar com 56 pontos. Com onze jornadas para o fim da competição, tudo o que não for o FC Porto a levantar o troféu será um caso raro. Das duas, uma: ou o FC Porto é campeão ou, caso o vencedor da Liga seja Benfica ou Sporting, vai ser apenas a quinta vez que uma situação deste tipo acontece.

A primeira vez que um clube com uma desvantagem destas na segunda volta foi desperdiçada foi em 1951/52. Na altura, cada vitória valia apenas dois pontos, pelo que a conversão dos cinco pontos atuais pode ser feita para três nos antigos campeonatos. Isto porque os cinco pontos podem ser recuperados caso o líder perca um jogo e empate outro, tal como acontecia com três pontos de desvantagem quando os triunfos davam apenas dois pontos ao vencedor da partida.

Em 1952, há 66 anos, o Sporting sagrou-se Campeão Nacional numa equipa com quatro dos Cinco Violinos (Peyroteo já tinha deixado os relvados) e com nomes históricos do clube e do futebol nacional como Azevedo, Manuel Oliveira, Juca ou João Martins. Ainda assim, o conjunto orientado por Randolph Galloway chegou a estar a quatro pontos do líder Benfica à 19ª jornada num campeonato com apenas 26 jogos para cada equipa. Os encarnados, que passaram por momentos complicados na equipa técnica (Ted Smith começou a época como treinador, demitiu-se em dezembro por "razões pessoais", Cândido Tavares assumiu o comando, saiu à 21ª jornada e regressou Ted Smith), desperdiçaram a confortável vantagem para o eterno rival e o título acabou por ir parar às mãos dos jogadores do Sporting, que acabaram o campeonato com 41 pontos contra os 40 dos encarnados.

Na mesma década, o Benfica voltou não conseguir campeão com uma vantagem considerável na segunda volta do campeonato. Estávamos em 1958/59 e o plantel das águias tinha 30 pontos à 18ª jornada, mais três que o Belenenses e mais quatro que o FC Porto de Pedroto ou Morais, mas, mais uma vez, viram o título fugir da sua posse perto do final. À entrada para a última jornada, o Benfica e o FC Porto estavam empatados no primeiro lugar com 39 pontos, mas os azuis e brancos levavam vantagem graças à superior diferença de golos. O Benfica recebeu a CUF na Luz, o FC Porto visitou o Torreense e sabia-se que, caso os dois conseguissem o mesmo resultado, os encarnados precisavam de vencer por mais quatro golos que os rivais para conseguirem igual diferença de golos. Foi aí que entrou Inocêncio Calabote, protagonista de uma famosa arbitragem no jogo entre Benfica e CUF, tendo assinalado três pontapés de penálti a favor dos lisboetas e 'esticado' o tempo de compensação. Contudo, e apesar da goleada por 7-1 imposta pelo Benfica, o FC Porto acabou por ser campeão ao ter vencido em Torres Vedras por 3-0.

Depois de dois dissabores, foi a vez do Benfica ser feliz em 1970/71, quando contava vários dos melhores jogadores portugueses no plantel: Eusébio, Artur Jorge, José Torres, Nené, Toni, Humberto Coelho ou António Simões. À 14ª jornada, a primeira da segunda volta, no entanto, a história era tudo menos favorável ao Benfica. O Sporting de Fernando Vaz tinha 23 pontos, seguido da Académica (21), do Vitória de Setúbal (20) e, finalmente, do Benfica, com menos quatro pontos que os leões. Mas o Benfica foi crescendo e aproximou-se do Sporting, estando a apenas dois pontos do (então) líder à entrada para a 22ª jornada. Nessa ronda, o Benfica assumiu o comando do campeonato depois da derrota do Sporting com o Boavista (1-0) e da vitória das águias sobre o Farense (5-0). Até ao final, o Benfica venceu todos os jogos, assegurando que, mesmo que o clube de Alvalade fizesse o mesmo, o título ficaria no Estádio da Luz. No final das 26 jornadas, o Benfica acabou mesmo por ser campeão ficando isolado no primeiro lugar com 41 pontos, mais três que o Sporting.

Por último, um campeonato bem mais fresco na memória dos adeptos portugueses. Em 2011/12, primeiro ano de Vítor Pereira no comando técnico do FC Porto e terceiro de Jorge Jesus no Benfica, os lisboetas tinham cinco pontos de vantagem sobre os portuenses à 18ª jornada (48 contra 43), mas acabaram por ficar a seis pontos do campeão no final das 30 jornadas. Ou seja: em 12 jornadas, o Benfica perdeu onze pontos para o FC Porto. A derrota do Benfica com o Vitória de Guimarães (1-0) e o empate com a Académica (0-0) fizeram com que, à entrada 21ª jornada, águias e dragões estivessem com os mesmos pontos no primeiro lugar do campeonato com um Benfica-FC Porto em perspetiva. Nesse jogo, realizado no Estádio da Luz, o FC Porto venceu por 3-2 com o golo decisivo a ser apontado por Maicon, aos 87', num conhecido lance em que o defesa portista estava em posição de fora-de-jogo. Foi a última vez que algum clube recuperou de uma desvantagem igual ou superior àquela que Benfica e Sporting têm neste momento em comparação com o FC Porto.