Estava sentado no banco o segredo. Se Jorge Simão lançou Tahar para que o anglo-argelino isolasse Renato Santos para o que parecia ser o golo da tranquilidade axadrezada, Luís Castro tirou da cartola Stephen e Platiny e com isso evitou a derrota. No Bessa, o xadrez jogou-se fluido e em alta rotação. Agradeceu quem viu, mesmo que nem Boavista ou GD Chaves tenham conseguido regressar às vitórias na Liga.
No Bessa, o jogo foi para intervalo com três golos, mas até podiam ter sido mais. Foi já com o empate a um golo no marcador que Mateus, isolado por uma carambola entre os jogadores do GD Chaves, desperdiçou uma soberana oportunidade de golo na cara de António Filipe. O guarda redes do Chaves evitou aos 33 minutos o que parecia mais difícil, minutos depois de até ter complicado o que parecia ser mais fácil quando aos 25 minutos, Carraça, disparou do meio da rua para aquele que, na altura, era o golo do empate. Nada mais do que merecido e quando Renato Santos, aos 42 minutos, permitiu a reviravolta ao Boavista, dificilmente alguém se podia queixar da justiça no marcador.
O Boavista saiu para intervalo a vencer por 2-1, revirando o resultado e acabando por cima um encontro que quase sempre dominou. Mesmo que o Chaves até tenha terminado a primeira metade do encontro com mais bola, foi o Boavista que mais perto do golo sempre ficou. O Chaves chegou ao golo naquele que foi o único remate à baliza endereçado pela equipa flaviense na primeira parte, numa jogada marcada pela passividade do bloco defensivo axadrezado e que Davidson agradeceu. O jogo foi para intervalo com três golos que até podiam ser mais numa primeira parte fluida e cuja facilidade com que ambos os conjuntos penetraram o terço defensivo adversário pediu mais golos. Invalidou-os a incapacidade de ambos os conjuntos em tomar a melhor decisão na altura do passe decisivo.
Se o Boavista iniciou o encontro a desequilibrar pelo corredor direito – Renato Santos, em particular, sendo que Carraça fez o golo do empate através de um desequilíbrio sobre esse corredor -, à medida que o jogo avançou e que Rochinha pegou no encontro, também o corredor esquerdo passou a ser uma dor de cabeça para Luís Castro. Já depois de Rochinha ter encarnado Maradona e corrido quase o campo inteiro antes de atirar ao poste da baliza de António Filipe, o mesmo Rochinha voltou a desequilibrar no corredor esquerdo deixando três adversários para trás e permitindo que Renato Santos só tivesse de encostar para colocar o Boavista na frente. Três golos que, não fosse o nem sempre acutilante poder de decisão das duas equipas, podia ser mais volumoso. Jogou-se bem na primeira parte no Bessa e ficou água na boca para a segunda parte.
A segunda parte prometia e cumpriu. À exceção do período intermédio da etapa complementar, a entrada em campo de Boavista e Chaves não desiludiu e melhor ficou à medida que o apito final se aproximou e Luís Castro teve no banco a chave que abriu o cofre do Bessa. Platiny, que entrou em campo aos 79 minutos para substituir Pedro Tiba, salvou o Chaves da derrota no Bessa, já depois de Stephen Eustáquio, outro dos suplentes utilizados pela equipa flaviense, ter recolocado a equipa de Luís Castro no encontro.
Depois de uma boa primeira parte, não desiludiu o regresso ao relvado de Boavista e Chaves. Ambas as equipas continuaram a ameaçar o golo e houve mais uma bola no ferro. A segunda de Rochinha na partida que até ao momento que foi substituído por Tahar, estava a ser o homem do encontro. O jogo perdeu dinâmica e fluidez com o avançar dos minutos devido às interrupções disciplinares e técnicas que marcaram o setor intermédio da segunda metade do encontro. Substituições que permitiram, ainda assim, fazer a diferença na etapa final do encontro. Tahar, que substituiu Rochinha, isolou Renato Santos para o que pareceu o golo da vitória do Boavista e foram dois dos três homens que Luís Castro lançou no encontro que permitiram nova cambalhota no encontro.
Com o 3-1, o Boavista tornou-se mais especulativo e o GD Chaves aproveitou. Tomou conta do controlo do encontro, encostou o Boavista às cordas e deu o golpe final em cima do apito final. A entrada de Stephen Eustáquio, aos 55 minutos, começou a dar frutos à medida que o jogo avançou, permitindo ao Chaves um maior controlo da posse de bola e uma circulação mais objetiva que foram fulcrais para a “remontada” flaviense. Aos 80 minutos, Stephen recolocou o Chaves na partida com um remate à entrada da área e foi a entrada de Platiny, um minuto antes, que resgatou a equipa flaviense no Bessa. O golo de Stephen deu alento ao Chaves perante um Boavista que não acompanhou o adversário fisicamente e muito menos conseguiu segurar a posse de bola nos instantes finais da partida de forma a aguentar a vantagem no marcador. Aos 89 minutos, então, após jogada de envolvimento coletivo da equipa flaviense, tão típica, mas que só perto do apito final o Chaves conseguiu construir, Platiny surgiu no sitio certo à hora certa para encostar a recarga a um remate de Bressan que Vagner apenas conseguiu sacudir.
No final, ninguém sorriu, mas também ninguém ficou a chorar. Boavista e Chaves mantêm a igualdade pontual, até podem ver o Marítimo fugir e o Vitória SC galgar terreno na classificação, mas pelo menos não voltaram a perder. Também não voltaram a ganhar, é certo, e para o Boavista são já quatro jogos seguidos sem vencer. Para o Chaves fica a consolação de não ter registado a quinta derrota em seis jogos e de depois de quatro derrotas consecutivas, a equipa ter registado no Bessa o segundo empate consecutivo na Liga.