Em entrevista ao Diário de Notícias, Luís Neves, diretor nacional da Polícia Judiciária (PJ), revela que a colaboração de Rui Pinto, criador do Football Leaks, com a PJ, permitiu desencriptar todos os discos rígidos.
Revelando que, no desenrolar da investigação, a PJ assumiu que se estava a assistir a uma “inversão comportamental por parte do arguido” e que a mesma implicava a possibilidade de se ter acesso “à continuação da investigação”.
“Existiam outros equipamentos que, na altura, ainda não tinham sido desencriptados, e que entendíamos que a sua leitura era importante. A abertura destes equipamentos poderia nunca ser possível. Com esta nova disposição, tudo aquilo que estava na sua posse foi aberto. A PJ e o MP, numa real consonância de vontades e em linha de ação com o DCIAP e com a Defesa, tiveram acesso e desencriptámos esse material”, afirmou Luís Neves.
Indicando que a pressão internacional em relação a este caso “contou zero” para esse avanço, o diretor assegura que o que move a PJ e a sua equipa é “lei, a justiça e a ética e a descoberta da verdade”.
Em relação ao hacker, Luís Neves pensa que irá chegar o momento em que saberemos se motivações de Rui Pinto para expor comportamentos criminosos veio “do ponto de vista ético” ou se “foi outra esfera que o conduziu à prática dos crimes” pelos quais está pronunciado.
Ao mesmo tempo, o diretor da PJ descreve Rui Pinto como sendo “uma pessoa com preocupações de defesa do coletivo, preocupado com questões de igualdade, justiça social” e, das conversas que já teve com ele, que, no futuro, poderá ter uma vida “normal dentro da área da informática”.
“O que eu espero para o Rui Pinto, como qualquer arguido, e para todos aqueles que ao longo da minha vida profissional foram detidos por minha determinação, é que possa regressar a uma vida normal e não reincidir em práticas criminosas”, salientou.