Portugal
CMVM explica que OPA do Benfica "não tem comparável"
2020-01-23 15:40:00
Regulador justifica tempo para decidir se autoriza operação ou não

A Comissão do Mercado dos Valores Mobiliários (CMVM), pela voz da presidente do regulador, diz que a oferta pública de aquisição (OPA) do Benfica à sua sociedade anónima desportiva (SAD) decorre "dentro das perfeitas condições de normalidade" mas o regulador ainda não deu autorizou ou negou essa operação dado que está a avaliar o processo.

"Há uma série de dimensões que são muito específicas que não tem comparável, e é preciso obter toda a informação para que a decisão da CMVM seja robusta", afirmou Gabriela Figueiredo Dias, durante um encontro de apresentação das prioridades do órgão supervisor para 2020, na sede, em Lisboa.

A OPA parcial sobre 28% do capital da SAD, lançada em 18 de novembro, implica um investimento na ordem dos 32 milhões de euros e, caso seja bem sucedida, pode reforçar a posição da Benfica SGPS para até 95% do capital da entidade que está cotada na bolsa de Lisboa.

"A CMVM, durante um processo desta natureza, interage com o proponente, aquele que se propõe a fazer a oferta", prosseguiu Gabriela Figueiredo Dias, referindo que "há aspetos de dimensões nesta operação que são muito específicos e que não têm comparável entre si em operações anteriores".

Por isso, "é preciso em relação a cada um desses aspetos obter toda a informação e todas as certezas que precisamos de ter" para que avance, acrescentou, quando questionada sobre a demora neste processo.

"Dito isto, do lado da CMVM, estamos dentro dos prazos, tempos absolutamente normais de resposta", garantiu a presidente do Conselho de Administração da entidade.

Já João Gião, da administração do regulador do mercado de capitais, sublinha que esta OPA clarifica que o Benfica pretende a aquisição "parcial" dado que o emblema da Luz já tem 67 por cento da SAD e quer chegar até aos 95 por cento.

Este responsável apontou que esta operação tem "aspetos particulares" que tornam a oferta "um pouco diferente das anteriores" mas sublinhou que esta é "uma operação que está em fase de análise, perto do fim", e que se tratam de "tempos normais", concluiu.

A última avaliação publicada pela consultora KPMG, em maio último, avalia a SAD 'encarnada' em 334 milhões de euros (montante que resulta da média da avaliação de três épocas, entre 2015/16 e 2017/18), enquanto a oferta de 32 milhões de euros por 28% que está agora em cima da mesa avalia a Benfica SAD em 115 milhões de euros.

O anúncio preliminar de lançamento da OPA da Sport Lisboa e Benfica (SLB) SGPS sobre 28,067% do capital da sociedade apontava para a aquisição de 6.455.434 ações de categoria B, ao preço de cinco euros por ação, no valor máximo de 32,28 milhões de euros.

O preço de cinco euros por ação visa assegurar que os acionistas que adquiriram ações em 2001, na altura da entrada das ações em bolsa, possam vendê-las nesta OPA a um valor nominal semelhante ao então verificado.

O capital da Benfica SAD é composto por 23 milhões de ações, sendo 9,2 milhões de categoria A e 13,8 milhões de categoria B, e é sobre estas últimas que a OPA incide.

A SLB SGPS detém 9,2 milhões ações de categoria A, correspondentes a 40% do capital social da SAD do Benfica, sendo ainda titular de 5,4 milhões de ações da categoria B, representativas de 23,6496% do capital da sociedade.

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