No Trio d’Ataque deste domingo, na RTP3, e num comentário a uma declaração de Luís Filipe Vieira – o presidente do Benfica reclama a hegemonia no futebol português, destacando que o clube da Luz “ganhou cinco dos seis últimos campeonatos” –, o antigo futebolista e antigo selecionador nacional considerou que “pelo apoio político que tem, pela força e influência em tudo o que é futebol neste momento, o Benfica tem todas as condições para criar hegemonia”.

Sem querer tirar méritoàs conquistas encarnadas, António Oliveira relativizou uma eventual pressão sobre o FC Porto, que não está, na sua opinião, 'obrigado' a ganhar o título, na presente temporada.

“A verdade é que este campeonato é tão importante como foi o do ano passado e como será o próximo”, defendeu, concordando, no entanto, que o FC Porto viveu um período em que ser campeão “já nem era assunto, já nem vinha nas primeiras páginas dos jornais”.

Oliveira não concorda que essa hegemonia encarnada seja um dado adquirido, mesmo que os pupilos de Bruno Lage sejam bicampeões.

“Imaginemos que o Benfica, por artes ou por mérito, conquista este campeonato e perde o outro. Tem hegemonia? Prova que é hegemónico? A hegemonia tem que ver com a política, com o poder central, o poder do futebol, o poder das arbitragens… O FC Porto já teve essa fase. O Sporting também, em 80. Tiveram o poder do futebol”, enquadra.

Para António Oliveira, “não é ganhar dois ou três campeonatos” que representa um ciclo hegemónico. “É sentir que há uma transferência [de poder] de um clube que tem ascendente sobre todos os outros, que tem uma organização fantástica, que sabe que domina em todos os magistérios, sobretudo o magistério das influências”, sustenta.

E desse ponto de vista, “a hegemonia já esteve no norte, mas agora está no sul”. 

No entanto, lembra, “o Benfica podia ter sido penta e não foi; bem como este ano podem ser bicampeões e perderem o título”.