Portugal
"As condições de Alcochete eram como no exército. Seixal? Era o céu na terra"
2019-06-15 16:30:00
Zlobin teve a carreira por um fio em 2014, antes de chegar a Portugal

Ivan Zlobin, de 22 anos, é hoje um dos guarda-redes do Benfica, mas a carreira do jovem jogador esteve perto de terminar ainda antes de um grande começo. Em 2014, então nos juniores do CSKA, foi-lhe diagnosticado um sopro no coração, o que o levou a ponderar uma vida profissional longe do futebol. Passaram-se nove meses, um processo de reabilitação concluído com sucesso, um jogo na sua terra natal, em Tyumen, na Sibéria, e a viagem para Portugal. 

"Falei com o meu agente, que me disse que podia aparecer algo de Portugal. Comecei a preparar-me, juntei-me à equipa da universidade, depois pedi para treinar no FC Tyumen com o meu primeiro treinador. Até me quiserem oferecer contrato, mas surgiu o convite do Leiria", conta Zlobin ao Championat. "Alexander Tolstikov [presidente da SAD leiriense] deu-me uma chance e depois foquei-me só no futebol. Comia, dormia, treinava, treinava e treinava. Pensei que se me mostrasse poderia ir para outras equipas. Foram 3/4 meses em que o Leiria me deu muito", acrescenta. 

Antes de rumar ao Seixal, o jovem guarda-redes fez testes na Academia de Alcochete, mas as coisas não correram como desejava. 

"Foi um momento emocionante, era a primeira grande oportunidade para chegar a um grande clube no Ocidente. As condições eram como no exército: beliches, seis ou sete pessoas num quarto, todos de nacionalidades diferentes. (...) Magoei-me, fiquei com queimaduras e no posto médico deram-me unguento que não ajudou. Chorei e fiquei com vergonha de voltar aos médicos. Procurei na internet como curar abrasões, nem dormia à noite, as queimaduras eram assustadoras. Vi que pasta de dentes ajudava e durante duas semanas usei mais pasta no corpo que nos dentes". 

Regressou a Leiria e uma semana depois recebeu nova chamada, desta vez para ir treinar ao Benfica. 

"Quando lá cheguei, perguntei onde íamos. ‘Benfica’, respondeu. ‘Uau’, pensei. Quando cheguei e vi as condições... era o céu na terra. Quartos como no hotel, fiquei num duplo. Fui logo para a equipa B, observaram-me durante uma semana e pediram-me para ficar, apesar de eu pensar que me tinha corrido pior no Benfica que no Sporting", contou. 

"O desejo agora é ficar no Benfica e provar que mereço lugar no plantel principal", rematou.