Visto da Bancada
Pedro Adão e Silva (nº115)
2017-10-02 12:30:00
Uma goleada histórica que convenceu Pedro Adão e Silva da irreversibilidade do seu benfiquismo

Ao longo da história do futebol, e do futebol português em particular, não foram muitas as vezes que um clube sofreu, aos pés do seu maior rival, uma goleada histórica e consequente humilhação capital. Se em 2010 essa foi uma verdade para o Benfica, quando no Dragão, à décima jornada da liga portuguesa 2010/11, os azuis e brancos golearam o Benfica com cinco golos sem resposta, mais ainda o foi em 1986.

No final da temporada o Benfica sagrou-se campeão nacional com apenas duas derrotas durante a época, porém, naquela tarde de quase inverno, a 14 de dezembro de 1986, o Benfica sofreu aquela que foi até hoje a derrota mais pesada da sua história em jogos do campeonato português. Pedro Adão e Silva esteve lá. Tinha 12 anos mas, para o professor universitário, sociólogo, colunista e comentador, a goleada sofrida em Alvalade teve um papel formativo.

Com quatro golos de Manuel Fernandes, dois de Mário Jorge e um de Ralph Meade, o Benfica saiu goleado do Estádio de Alvalade mas para Pedro Adão e Silva, aquele jogo permitiu-lhe perceber que o seu benfiquismo era já irreversível. Afinal, se aquele jogo não lhe retirou o amor pelo clube da Luz, dificilmente algo fará. Adão e Silva é um grande adepto daquele plantel.

Nem a goleada imposta pelo Sporting ao Benfica demove Pedro Adão e Silva da ideia de que aquele conjunto de jogadores, mais do que a qualidade individual, destacou-se pela valia coletiva. Algo que, acredita, permitiu ao Benfica ser campeão no final da temporada sem que se tivesse deixado amedrontar pela goleada imposta pelo eterno rival de Alvalade.

Pedro Adão e Silva habituou-se desde cedo a ir ao futebol. Tanto, que aos 12 anos, foi com amigos a Alvalade ver o Sporting impor uma pesada derrota ao Benfica nem que para isso tivesse de atravessar toda a segunda circular a pé. Quando não estava na Luz, era assim. Quando o Benfica não jogava em casa, Adão e Silva ou ia a Alvalade, ou ao Restelo.

Naquela tarde viu o Benfica em Alvalade sofrer a derrota mais pesada do clube encarnado em jogos de campeonato mas para um rapaz de doze anos, sentado por detrás da baliza na qual o Benfica apenas sofreu um golo, a distância e as grades permitiram-lhe, pelo menos, “perder a noção da marcha do resultado” e não sair de Alvalade tão traumatizado como seguramente sairia caso a derrota se desse nos tempos que correm.

“Nem sequer percebi muito bem o que estava acontecer” confessou o professor ao Bancada.