Visto da Bancada
Paulo Alves (nº 40)
2017-07-10 20:00:00
Paulo Alves, treinador do União da Madeira, lembra o golo de Roberto, do Barcelona, que silenciou Alvalade

Aquele remate do espanhol Roberto Fernández do meio da rua, ao minuto 84, que silenciou o antigo Estádio José de Alvalade, numa noite de novembro de 1986, já lá vão 31 anos, ficou bem gravado na memória do atual treinador do União da Madeira, Paulo Alves, então um jovem de 17 anos de Vila Real acabado de ser convocado para as seleções mais jovens. O Sporting venceu esse jogo frente ao todo poderoso Barcelona, por 2-1, mas aquele 'tiro' de Roberto ditou a eliminação dos leões da Taça UEFA, depois de terem perdido por 0-1 em Camp Nou, e ficou para Paulo Alves, que assistiu ao jogo da bancada, na antiga lateral sul do extinto José de Alvalade, como uma lição de futebol. E de vida.

“Percebi o quanto o futebol é intenso e vulnerável. Está-se a ganhar, a tocar de perto o sucesso e de repente tudo se desmorona. Acaba por ser também uma lição de vida”, refere Paulo Alves cuja imagem de desalento dos adeptos lhe impressionou a tal ponto que ainda hoje guarda essa memória de forma bem vincada. “Eu olhava para o lado e via rostos de sofrimento, num silêncio que incomodava, a espelhar uma dor tremenda. Nunca tinha visto uma coisa assim. O silêncio que se seguiu a esse golo e que se prolongou até ao fim foi assustador”, recorda.

O Sporting-Barcelona foi o primeiro jogo grande que Paulo Alves teve o privilégio de assistir. “Um amigo meu, que era de Vila Real, e que me ajudou nos primeiros dias em Lisboa, por ocasião da minha chamada à seleção, levou-me a ver o jogo. Nunca tinha tido contacto com um ambiente de jogos grandes e quando entrei naquele estádio fiquei maravilhado. Um estádio completamente cheio, frenético, uma loucura total”, conta ao Bancada o atual treinador do União da Madeira, da 2ª Liga.

“O Sporting fez um jogo extraordinário”, lembra Paulo Alves. “Chegou ao 2-0 [golos de Manuel Negrete, aos 41’, e Ralph Meade, aos 60’] e esse resultado dava para passar a eliminatória. Mas nos últimos minutos, o Roberto fez um grande golo [84’] de fora da área que ditou a eliminação do Sporting. O Estádio ficou em silêncio absoluto…”

O jogo destacado por Paulo Alves como aquele que o marcou mais visto da bancada tem a curiosidade acrescida de ter sido no estádio onde anos mais tarde acabaria por jogar de leão ao peito durante três épocas (de 1995/96 a 1997/98) marcando na condição de ponta de lança um total de 30 golos. “Mal eu imaginava que anos depois estaria a jogar naquele mesmo estádio vestindo a camisola do Sporting e a jogar ao lado de Oceano, Carlos Xavier, e de ter tido o enorme privilégio de ainda ter convivido com o Vítor Damas”.