Visto da Bancada
Manuel Cajuda (nº 216)
2018-01-25 12:30:00
Treinador teve de mostrar o passaporte para poder entrar no San Paolo para ver o Shakhtar do amigo Paulo Fonseca

Estreou-se como treinador de 1.ª divisão em março de 1984, com 32 anos, no Farense, dando início a uma carreira longa e ainda no ativo, com passagens por clubes como Olhanense, Portimonense, Louletano, O Elvas, Torreense, União de Leiria, SC Braga, Belenenses, Marítimo, Beira-Mar, Naval e Vitória de Guimarães, e acumulou experiências no estrangeiro, tendo treinado no Egito, Emirados Árabes Unidos e mais recentemente na China. Por isso diz-nos que ao longo dos 35 anos deste percurso de caminhante viu “poucos jogos da bancada”. Manuel Cajuda, ele mesmo, acabou por escolher um jogo recente, de 21 de novembro de 2017, por ter envolvido um episódio que o deixou surpreendido.

“Fui ver o Nápoles-Shakhtar para a Liga dos Campeões, um jogo que envolvia uma equipa treinada por um português, pelo qual eu tenho uma grande admiração, o Paulo Fonseca. E houve um episódio que me chamou a atenção por nunca me ter acontecido. Quando estava a entrar no estádio, foi necessário eu apresentar a minha identificação, no caso o passaporte, para poder entrar. Eu ia com um grupo, os convites tinham sido disponibilizados pelo Paulo Fonseca e estavam todos em meu nome. Lá tive de mostrar o passaporte e entrámos. Nunca me tinha acontecido uma coisa assim, foi a primeira vez. Mas entendo ser uma boa medida e que pode resolver muitos problemas de segurança”, realça Cajuda.

O Shakhtar perdeu o jogo por 3-0 mas acabaria por passar a fase de grupos da Liga dos Campeões. O treinador algarvio, de 66 anos, apesar do resultado negativo para o amigo Paulo Fonseca, gostou do que viu. “Gostei muito, o Shakhtar jogou muito bem na primeira parte, controlou o jogo com e sem bola. Na segunda parte, nos últimos dez minutos sofreram dois golos [Zielinski e Merteens], depois de terem sofrido o primeiro logo na abertura da segunda parte [Insigne]. Mas há que reconhecer que o Nápoles foi melhor no segundo tempo, mais objetivo e incisivo na procura da vitória”.

Manuel Cajuda recorda ainda que nesse dia o San Paolo não estava muito cheio, apesar do ambiente criado à volta do jogo ter  sido “muito bom”, e explica porquê. “Em conversa com alguns napolitanos, estes disseram-me que o Nápoles não tinha muito interesse na Liga dos Campeões. Estavam mais concentrados no campeonato”. E, quiçá, tinham razão. A equipa de Maurizio Sarri segue na liderança da Liga italiana.

Cajuda diz ter “uma vantagem” quando vê jogos da bancada. “A bancada é uma zona onde as pessoas dizem que sabem mais do que o treinador, mas eu tenho uma vantagem em relação a elas. Como não vejo só uma equipa, mas sim as duas, isso dá-me uma visão mais ampla do jogo”.