Pode um jogador de um clube torcer pelo rival numa partida entre os dois, ainda por cima tratando-se do dérbi dos dérbis? Tanto pode que aconteceu com João Oliveira Pinto, delegado da zona centro do Sindicato dos Jogadores, no histórico Sporting,7-Benfica,1 de 14 de dezembro de 1986. Era ele atleta nas camadas jovens do clube de Alvalade e o coração pendia para o Benfica.

Nesse dia, João Oliveira Pinto assistiu ao dérbi na bancada central do antigo Estádio José de Alvlade ao lado de Emílio Peixe, atual selecionador dos sub-20 de Portugal, que também representava os escalões jovens do Sporting. "É um jogo que não se esquece. Que me marcou. Ninguém esperaria um resultado daqueles. Estava na bancada com o Peixe e lembro-me que festejámos o golo do Benfica, marcado pelo Wando, que reduziu para 2-1, conta João Pinto que apesar de jogar no Sporting o seu coração pendia na altura para o Benfica. "Tanto eu como o Peixe, o Figo, o Paulo Torers, éramos todos adeptos do Benfica", revela sem pudor. No seu caso particular, o 'culpado' foi o pai, o senhor Pinto, o porteiro da antiga porta 10-A. "Fez-me sócio do Benfica quando nasci. Mas depois de tantos anos no Sporting tanto eu como o meu pai tornámo-nos sportinguistas", esclarece.

Do dérbi histórico de Alvalade, aquilo que mais impressionou João Oliveira Pinto foram os últimos vinte minutos com o Sporting a fazer 4-1, 5-1, 6-1, 7-1..."Ninguém esperava que viesse a acontecer um resultado tal. Aqueles últimos vinte minutos...foi tudo de seguida. Estou convencido que se o jogo durasse mais dez minutos, o Sporting teria feito ainda mais golos".

Recorde-se a marcha do marcador do dérbi que entrou para a história do futebol português: 1-0 (15', Mário Jorge), 2-0 (50', Manuel Fernandes), 2-1 (59', Wando), 3-1 (65', Ralph Meade), 4-1 (68', Mário Jorge), 5-1 (71', Manuel Fernandes), 6-1 (82', Manuel Fernandes) e 7-1 (86', Manuel Fernandes).