Visto da Bancada
Daniel Portela (nº106)
2017-09-19 12:40:00
Daniel Portela já orientou o Boavista na Liga Portuguesa

Uma equipa a perder, mas a pedir para terminar o jogo, e um árbitro a chorar após o jogo. Pedimos desculpa, caro leitor, mas, neste “Visto da Bancada”, quebramos as regras. Não traremos uma história, mas sim duas, e não traremos um jogo visto da bancada, mas sim visto no banco de suplentes. A qualidade das histórias assim o exigem.

Daniel Portela é treinador de futebol – chegou a orientar um jogo do Boavista na Liga Portuguesa – e preferiu contar, ao Bancada, duas histórias que o próprio viveu, em Angola.

A primeira, quando treinava o Bravos do Maquis, num jogo contra o Kabuscorp. “Estávamos a perder 3-1 e acabámos por empatar e, depois, ainda fazer o 4-3”. Perguntamos nós: se uma equipa está a perder 4-3 no tempo de compensação, então pretende que o jogo continue, certo? Errado. “Ainda faltavam três minutos para acabar e o adversário estava a pedir para terminar o jogo”. Porquê? “Estavam com medo de levar mais”, recorda Daniel Portela.

Daniel Portela conta já com duas passagens pelo futebol angolano. A primeira em 2006 e 2007, no Interclube, na capital angolana, e a segunda em 2010 e 2011, no Bravos do Maquis, da zona oeste do país.

Árbitro. Choro. Ser humano destroçado.

A segunda história que lhe trazemos tem menos caráter bizarro, mas mais emoção. Passou-se 99/00, na antiga segunda divisão B, zona norte. A treinar o Joane, Daniel Portela viu um árbitro “com os sentimentos no nível zero”.

O árbitro teve uma atuação menos boa. No final, estava a chorar, com a pressão dos adeptos a insultar e a bater na porta da cabine”, recorda, antes de explicar como se sentiu. “Senti-me muito pequenino. Eu próprio não sabia como protegê-lo, parecia alguém super arrependido. Estava ali um ser humano com os sentimentos no nível zero”.

Nessa temporada, a equipa do distrito de Braga terminou no penúltimo lugar, só acima do Vianense, e desceu à terceira divisão, tendo voltado à segunda B no ano seguinte. Daniel Portela é treinador de futebol e, aos 49 anos, conta já com passagens por equipas do Kuwait, de Angola, de Moçambique e por alguns clubes da zona norte de Portugal, como Famalicão, Joane ou Paredes.